Edições críticas da Bíblia da Septuaginta, a LXX. Por frei Gilvander Moreira[1]
Partilhamos
aqui mais “argumentos” indiretos que demonstram que a interpretação liberal e
fundamentalista da Biblia, a que faz “os catadores de versículos bíblicos”,
“não tem pé nem cabeça”, não passa de projeção de pré-compreensões de quem
busca ser referendado nas suas opiniões de senso comum preconceituoso e
contaminado pela ideologia dominante, por textos bíblicos, considerados
inspirados.
Os
manuscritos originais da Biblia se perderam. Temos uma série de manuscritos
posteriores aos manuscritos originais. Primeiro, a Bíblia Hebraica foi
traduzida para o Grego, na tradução chamada Setenta (LXX). Em seguida, foram
feitas várias edições críticas da Bíblia da Septuaginta (Setenta, LXX),
baseadas em manuscritos mais importantes como o Alexandrino, o Vaticano e o
Sinaítico.
Existem conservados Códigos maiúsculos mais
importantes do Texto Bíblico grego. Os manuscritos dos textos bíblicos
antigos receberam o nome de Código, ou Códigos no plural. Códigos são
escritos em pergaminho, em letras maiúsculas. Eles são feitos de pele de
animais. A partir do século IV da Era Cristã se difunde sempre mais o uso do pergaminho.
São escritos tanto em grego quanto em
latim e datam do século IV ao XII da Era Cristã. Os que eram destinados a
servirem como modelos para serem copiados eram escritos em letra maiúscula.
Os Códigos maiúsculos mais importantes[2]
que trazem todo o Primeiro Testamento Bíblico com a tradução da Setenta (LXX) e
o Segundo Testamento com algumas lacunas são: 1) O Código do Vaticano (B=03), identificado
também com a letra maiúscula B e o número 03. Leva esse nome porque se encontra
na Biblioteca do Vaticano. Ele é do
século IV da E.C. Aparece no inventário do Vaticano desde 1475. Este é o Código
mais importante; 2) O Código Sinaítico (S=01) - pode ser identificado também pela
letra S maiúscula ou a letra alef (=
a do alfabeto hebraico) e o número 01. Foi descoberto em 1859 por Constantin
von Tischendorf, no Mosteiro de Santa Catarina, no deserto do Sinai. Contém
toda a Bíblia. Ele é do século IV da E.C. e, atualmente, encontra-se no British
Museum de Londres; 3) O Código Alexandrino (A=02) é identificado com a letra A maiúscula
e o número 02. Traz o Primeiro e o Segundo Testamentos. É do V século da Era
Cristã. É conservado no British Museu de Londres; 4) O Código de Efrém (C=04)
reescrito é identificado com a letra C maiúscula e o número 04. Contém o Primeiro
e o Segundo Testamentos. É do século V da Era Cristã. Recebe este nome porque
no século XII o texto bíblico foi raspado e em seu lugar escreveu-se em grego,
as obras de Santo Efrém. Traz o Primeiro e o Segundo Testamentos com lacunas.
Hoje se encontra na Biblioteca Nacional de Paris.
Códigos
importantes que trazem parte dos escritos bíblicos: 1) O Código de Beza (D=06) é identificado
com a letra D maiúsculo e o número 05. Beza é o nome de quem doou o Código para
a biblioteca da Universidade de Cambrige, em 1581, motivo pelo qual é conhecido
também por Cantabrigiensis. Contém os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos nesta
disposição: em latim na página esquerda, e em grego na página direita. Este
Código é do século V da Era Cristã; 2) O Código Claromontano (D=06) é
igualmente identificado com a letra D maiúscula e o número 06. Chama-se assim
porque permaneceu por muito tempo no Mosteiro de Clermont. Traz as Cartas de
Paulo na versão grega e latina. É do século V da Era Cristã. Encontra-se na
Biblioteca Nacional de Paris; 3) O Código de Washington (W=032) é identificado com a letra maiúscula W
e o número 032. O Códice é do século VI da Era Cristã. Contém os Evangelhos na
ordem preferida pelos antigos do Ocidente: Mt, Jo, Lc, Mc. Encontra-se em
Washington, nos Estados Unidos; 4) O Código de Koridethi (T=038) é identificado com o Teta grego
maiúsculo e os números 038. Leva este nome por causa do nome do Mosteiro,
situado sobre o mar Negro e conservado em Tíflis, capital da Geórgia. Traz os
Evangelhos com lacunas. É do século VIII da Era Cristã.
Há
ainda os códigos menores que não têm o valor que é atribuído aos Códigos
maiores mencionados acima, mas contribuem muito para os estudos bíblicos: 1) O Código
Freer de Washington, que traz
os livros do Deuteronômio e Josué do séc. V da E.C.; 2) O Código Marchaliano Q, que traz os livros dos profetas. É do
século VII da Era Cristã, e é conservado na Biblioteca do Vaticano, em Roma.
Ele é importante pelo grande número de notas marginais que ele traz da Esapla
de Orígenes; 3) O Código Chisiano 88. É
do século X da Era Cristã, também é conservado na Biblioteca do Vaticano.
Apresenta o texto dos profetas da Esapla, com os sinais diacríticos de Orígenes.
Referências
ASSOCIAÇÃO LAICAL DE
CULTURA BÍBLICA. Vademecum para o Estudo da Bíblia. São Paulo: Paulinas, 2005,
p. 173-174.
24/01/2024
Obs.: As
videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.
1 – Um Tom de resistência - Combatendo o
fundamentalismo cristão na política
2 - Bíblia:
privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no
Palavra Ética
3
- Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri,
Brumadinho/MG. Vídeo 5
4 - Agir ético
na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos
reunidos)
5 - Andar no
amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG -
Set/2022
6 - Toda a
Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e
CEBI-MG, set 2022
7 - Chaves de
leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG
–Set./22
8 - Estudo:
Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino
9 - Carta aos
Efésios: Agir ético faz a diferença! - Por frei Gilvander - Mês da Bíblia/2023
-02/07/2023
10 - Bíblia,
Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste
11 - Contexto
para o estudo do Livro de Josué - Mês da Bíblia 2022 - Por frei Gilvander -
30/8/2022
12 - CEBI: 43
anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção
pelos Pobres
[1] Frei e padre da
Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em
Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese
Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT,
CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e
Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. Autor de livros e artigos. E
“cineasta amador” (videotuber) com mais de 6.000 vídeos de luta por direitos no
youtube, canal “Frei Gilvander luta pela terra e por direitos”. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br
– www.twitter.com/gilvanderluis
– Facebook: Gilvander Moreira III
[2]
ASSOCIAÇÃO LAICAL DE CULTURA BÍBLICA. Vademecum para o Estudo da Bíblia. São
Paulo: Paulinas, 2005, p. 173-174.