Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG: "Não queremos uma polícia violenta com quem luta por direitos humanos fundamentais." Paz, sim; violência, não!
Ocupações
da Izidora, em Belo Horizonte, MG: "Não queremos uma polícia violenta com
quem luta por direitos humanos fundamentais." Paz, sim; violência, não!
Frei Gilvander Moreira.
Em diferentes ocasiões, a Polícia Militar de
Minas Gerais tem agido com violência contra os moradores das comunidades da
Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, o que demonstra a falta de
preparo para lidar com a situação de um despejo de tamanha proporção como o
determinado pelo Órgão Especial do TJMG dia 28/09/2016: o despejo das 8.000
famílias (30.000 pessoas) das três Ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão,
Esperança e Vitória), comunidades em franco processo de consolidação já com
mais de 5.000 casas de alvenaria construídas, em 3,5 anos de luta.
Por exemplo, em 24 de julho de 2014, na
ocasião de uma manifestação pacífica pela permanência das ocupações, um
policial militar da cavalaria desferiu um golpe de espada contra o morador
Dinei Delfino Pereira (foto abaixo), que sofreu ferimento em sua face e esteve
por alguns momentos desacordado. Quando a cavalaria passou por cima do povo que
bloqueava a pista lateral da MG 010 (Linha Verde), diante da Cidade
Administrativa, um policial da cavalaria desferiu uma espadada que retalhou o
rosto de Dinei. Por um trisco, Dinei não foi assassinado por um dos policiais
da cavalaria. Há vídeos na internet mostrando que a cavalaria passou por cima
do povo e voltou em disparada passando novamente por cima do povo. Os cavalos
tiveram a destreza de não pisar no Dinei caído e desacordado, após sofrer uma
espadada no rosto. Confira, por exemplo, o vídeo disponibilizado no link https://www.youtube.com/watch?v=voc_MrfxV6k
Conforme relato da Promotora de Justiça Dra. Nivia Mônica Silva, do Centro de
Apoio Operacional às Promotorias de Direitos Humanos de Minas Gerais, em
resposta à Corte Interamericana de Direitos Humanos (fls.1112/1117-TJ): “foram
noticiados ao MPMG casos diversos de violência policial contra moradores das
referidas comunidades, em relação aos quais foram instaurados Procedimentos de
Investigação Criminal - PICs - no âmbito da 18ª Promotoria de Justiça de Defesa
dos Direitos Humanos e Controle Externo da Atividade Policial em Belo
Horizonte. Como exemplo, cumpre destacar o episódio ocorrido em 24 de julho de
2014. Durante a realização de reunião entre lideranças e o poder público em que
se demandava a elaboração de proposta alternativa à remoção das famílias da
área ocupada, membros das ocupações realizavam manifestação pacífica próximo à
sede do poder público estadual, conhecida como Cidade Administrativa, no
intuito de sensibilizar os representantes do Governo de Minas para a resolução justa
e pacífica do conflito fundiário e social da Izidora, que se tornou o maior
conflito de luta pela terra da América Latina e um dos sete maiores do mundo.
Na ocasião, quando se manifestava pacificamente, Dinei Delfino Pereira, recebeu
golpe de armamento legal (identificado pela vítima e testemunhas como “espada”)
em sua face por parte de soldado da cavalaria da Polícia Militar do Estado de
Minas Gerais, sofrendo grave ferimento na cabeça.”
Alertamos: Se a PM de MG for despejar as
8.000 famílias (30.000 pessoas) das três Ocupações-comunidades da Izidora, em
BH e Santa Luzia, MG, poderá causar um grande massacre. Queremos paz com
justiça social. Lutamos em defesa da dignidade humana e por isso lutamos por
moradia digna, própria e adequada. Conflito social se resolve de forma justa e
pacífica é com Política e não com polícia.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
domingo, 6 de novembro de 2016
A criança Alice, das Ocupações da Izidora, entre policiais e um padre: do risco de morte para a celebração da vida em Cristo.
A
criança Alice, das Ocupações da Izidora, entre policiais e um padre: do risco
de morte para a celebração da vida em Cristo.
Por frei Gilvander Moreira.
Dia
19/06/2015, Alice, com apenas 8 meses, quase foi assassinada pela PM de MG, mas
hoje, 06/11/2016, Alice foi batizada em uma igreja católica trazendo alegria
para todos nós. Hoje, dia 06/11/2016, enquanto eu celebrava missa e o batismo
de três irmãs – Paula, Mirele e Marcela – na igreja da Ocupação-comunidade
Dandara, no Céu azul, em Belo Horizonte, MG, era celebrado o batismo de outra
criança – ALICE - em uma Igreja do bairro Serra Verde, em Belo Horizonte, MG. Dia
19 de junho de 2015, Alice, com apenas 8 meses de idade, quase foi assassinada
pela polícia militar de Minas, no momento em que mais de 2.500 pessoas das
Ocupações-comunidades da Izidora foram reprimidas e bombardeadas pela tropa de
choque da PM de MG na Linha Verde, próximo à Cidade Administrativa do Governo
de Minas, em BH, enquanto o povo marchava pacificamente lutando por moradia e
repudiando a iminência de despejos anunciados. No meio da chuva de tiros de
bala de borracha houve também uma chuva de bomba de gás lacrimogêneo jogadas
por policiais militares. Uma bomba de gás lacrimogêneo jogada do helicóptero da
PM caiu no colo de Alice, criança de 8 meses que estava no carrinho de bebê. A
mãe Cleiciane, instintivamente retirou a Alice do carrinho e, assim, a bomba
caiu no chão e estourou. A mãe saiu correndo com a criança deixando para trás o
carrinho de bebê, enquanto tentava salvar sua filha Alice, de 8 meses, sufocada
pelo gás de pimenta. Chegou inclusive a correr o boato que a polícia teria
matado uma criança, mas, graças a Deus, não era verdade. A mãe ainda guarda a
manta queimada pela bomba, manta que envolvia o corpinho de Alice. Resultado
dessa repressão: mais de 90 feridos e mais de 40 presos, sem contar os traumas
contraídos pelas crianças e idosos sob risco de sofrer infarto. Se a PM de MG
agiu assim, imagine se o povo sentir que as 5.000 casas serão derrubadas? Toda
ação leva a uma reação. Mas hoje, dia 06 de novembro de 2016, para nossa imensa
alegria, Alice foi batizada por um padre e por toda a comunidade para a alegria
de sua família e de todas as 8.000 famílias das Ocupações da Izidora. Rose de Freitas,
da coordenação da Ocupação-comunidade Esperança, foi madrinha, como atesta as
duas fotos, abaixo. Relato esse fato aqui para que nunca mais a PM de MG jogue
bomba de gás lacrimogêneo em população civil e muito menos em crianças. Recordo
que o Brasil, em 1999, assinou um Tratado Internacional se comprometendo em não
usar arma química contra população civil e gás lacrimogêneo é arma química. Que
beleza que Alice, com dois anos, está viva, batizada e vivendo com dignidade no
seio de sua família na Ocupação-comunidade Esperança, na Izidora. As
Ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) são
constituídas de 8.000 famílias (30.000 pessoas), que, há 3,5 anos já
construíram mais de 5.000 casas de alvenaria e estão sob iminência de despejo
com decisão injusta e inconstitucional do TJMG. Trata-se do 7º maior conflito
de luta pela terra do mundo e o maior conflito da América Latina. O que se
houve no meio do povo é: "Preferimos morrer na luta que aceitar despejo e
voltar para a cruz do aluguel.” O batismo de Alice, sobrevivente da repressão
da PM dia 19/06/2016, é uma prova cristalina de que a PM de MG não tem
condições de fazer os despejos das três ocupações da Izidora sem causar um
grande massacre. Tem razão o desembargador Alberto Vilas Boas que, ao votar
contra o despejo das Ocupações da Izidora, alertou para o risco de massacre no
seu voto dia 28/09/2016 em sessão do Órgão Especial do TJMG que por 18 a 1
decidiu pelo despejo das Ocupações da Izidora. Essa decisão do TJMG entrará
para a história como uma de suas decisões injustas e inconstitucionais. É “líquido e certo” que se houver despejo
forçado na Izidora haverá, sim, grande massacre. Isso está previsto no Plano da
PM e da Prefeitura de BH de despejo das Ocupações da Izidora, pois dizem inclusive
que “haverá ambulâncias para socorrer os feridos”. Em nome de Alice, criança
que quase foi assassinada pela PM de MG dia 19/06/2016 e dos milhares de
crianças que moram na Izidora, clamamos por negociação justa e ética. Resistiremos sempre! “Eu fico com a pureza da
resposta das crianças, é a vida...”, conforme canta Gonzaguinha.
Eis,
nos links, abaixo, relato denúncia da repressão perpetrada pela PM de MG dia
19/06/2015 na Linha Verde contra o povo das Ocupações da Izidora.
1)
Relato denúncia da mãe Cleiciane e de sua
filha: https://www.youtube.com/watch?v=VYUPMom2c1U
2)
Relato denúncia de Eliene e outro ferido na
repressão da PM: https://www.youtube.com/watch?v=NdpD6tSFWf0
3)
Registro feito por Ricardo de Freitas, o
Kadu, enquanto salvava uma criança do bombardeio da PM de MG, dia 19/06/2016:
4)
Pai e ma~e de seis filhos feridos pela PM na
repressão do povo das Ocupações da Izidora, dia 19/06/2015:
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)