Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
terça-feira, 5 de abril de 2016
segunda-feira, 4 de abril de 2016
80% da fazenda Marilândia, em Manga, Norte de Minas Gerais, é território quilombola. Nota da CPT/MG.
80% da
fazenda Marilândia, em Manga, Norte de Minas Gerais, é território quilombola.
Nota da CPT/MG.
A Fundação Cultural Palmares já expediu
certificado atestando que cerca de 80% da fazenda Marilândia, no município de
Manga, norte de Minas Gerais, faz parte de quatro territórios quilombolas: comunidades
de Bebedouro, Justa I, Justa II e Brejo de São Caetano, todos no município de
Manga.
Essa informação comprova a
inconstitucionalidade, injustiça e ilegalidade do 12º despejo realizado dias 29
e 30/03/2016, de 84 famílias Sem Terra que há 18 anos ocupam a fazenda
Marilândia. Por ser território quilombola, a Vara Agrária de Minas/TJMG não teria
competência para decidir sobre reintegração de posse da fazenda Marilândia, em
Manga, para beneficiar o fazendeiro Thales Dias Chaves, autor do processo de
reintegração de posse, que já tinha vendido a fazenda para Antônio Taco ou
Válter Arantes (o Valtinho), que é dono da Rede de Supermercados BH, que já
comprou mais de 50 fazendas no norte de Minas, segundo informações correntes na
região. Sobre terras quilombolas é a justiça federal que tem competência.
Eis, abaixo, cópias dos quatro Certificados
expedidos pela Fundação Cultural Palmares e cópia do Mapa delimitando os quatro
territórios quilombolas no município de Manga, no norte de Minas. Pelo Mapa se
vê que cerca de 80% da fazenda Marilândia é território quilombola. Os
quilombolas do quilombo de Praia, de Matias Cardoso, visitaram as famílias que
reocuparam pela 12ª vez a fazenda Marilândia, após o inconstitucional, injusto
e covarde despejo dos dias 29 e 30/03/2016.
Assina essa nota,
Comissão Pastoral da Terra – CPT/MG
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 de abril de
2016.
“Queremos terra, pão e água. Só isso! Vamos conquistar.” Manga, norte de MG, 03/04/2016.
“Queremos terra, pão
e água. Só isso! Vamos conquistar.”
Manga, norte de MG, 03/04/2016.
As famílias da Ocupação Baixa Funda, na
fazenda Marilândia, em Manga, norte de Minas, no quarto dia de Ressurreição.
“Queremos
terra, pão e água. Só isso! Vamos conquistar. Reocupamos a terra pela 12ª vez
para daqui não mais sair. Essa terra é terra de Deus, terra nossa.” (Sr. Wilson, camponês
de 73 anos).
A Vara agrária de MG/TJMG + Governo de MG +
PMMG + latifundiário do da Rede de Supermercado BH despejaram 84 famílias que
ocupavam há 18 anos a fazenda Marilândia, no município de Manga, no Norte de Minas
Gerais. Derrubaram e destruíram todas as moradias e cercas, mas não levaram a
esperança e o sonho das 84 famílias camponesas que aguerridamente lutam pela
terra há 18 anos. Esse foi o 12º despejo, seguido, três dias após da 12ª reocupação.
Estão sem as cercas que protegiam suas roças,
mas cercados de vigias e espiões. Vejam como a vida vai renascendo nessas
imagens depois do terceiro dia de reocupação e ressurreição.
Ontem, dia 03/04/2016, as famílias receberam visita
dos irmãos camponeses do quilombo de
Praia, de Matias Cardoso. As famílias, em mutirão, estão colhendo a roça de
milho que não foi destruída. Mulheres e homens prepararam comida e lanche para
partilhar com os irmãos quilombolas visitantes.
Final de tarde: peregrinação sobre toda a
área devastada. Uma constatação emocionante: muitas pessoas choraram aos ver as
dezenas de casas destruídas pelos tratores do TJMG, do Governo de MG, PMPM e do
latifundiário Rede de Supermercado BH.
Chegamos aos entulhos da casa do Sr. Biato
Salu, onde o encontramos molhando as plantas e tratando dos cachorros que não
abandonaram o local. Sr. Biato disse: “Não
sei mais o que fazer. Retirei os animais por várias vezes, mas eles voltam e estão
muito tristes e abatidos. Sinto que eles continuam protegendo a casa e me
esperando chegar da roça.”
Vimos o tanque de água de pé e algumas
plantas sobreviventes ao 12º despejo da Ocupação da fazenda Marilândia dias 29
e 30/03/2016: maracujá e laranjeiras.
Ao retornar da peregrinação do reconhecimento
da realidade, aconteceu uma bonita partilha. No terreiro onde derrubaram a
primeira moradia, todos agradeceram a Deus e ofertou ao Deus da vida a alegria
cantando e dançando. Jovens, adultos e Sr. Wilson, 73 anos, enquanto dançava,
repetia sem parar: “Queremos terra, pão e
água. Só isso! Vamos conquistar. Reocupamos a terra pela 12ª vez para daqui não
mais sair. Essa terra é terra de Deus, terra nossa.”
As famílias caminham pela terra revendo os
rastros da destruição e juntando as forças. 84 famílias foram despejadas
covardemente, de forma injusta e inconstitucional, mas todas as famílias
reocuparam a fazenda Marilândia, no município de Manga, no norte de Minas
Gerais.
A situação é muito tensa no local, pois o
gerente da fazenda já fez várias ameaças. Exigimos que a PM de Manga cumpra sua
missão constitucional, que não se coloque ao lado do latifúndio e que garanta a
paz na ocupação. A CPT já denunciou várias vezes atuação suspeita de
policiais de Manga protegendo o latifúndio e assim aumentando os riscos de
atuação de jagunços sobre as 84 famílias que agora reocuparam pela 12ª vez a
fazenda Marilândia, em Manga, no norte de Minas Gerais.
Veja três vídeos-denúncias nos links,
abaixo:
1)
Denúncia
do despejo da Ocupação da fazenda Marilândia, em Manga, norte de MG: https://www.youtube.com/watch?v=uKoNY3ORlzM
2)
Veja
a violência do despejo da fazenda Marilândia, em Manga, MG: https://www.youtube.com/watch?v=xv8d5FAKlBk
3)
As
84 famílias reocuparam a fazenda Marilândia, em Manga, dia 02/04/2016:
Informe
da Comissão Pastoral da Terra – CPT/MG, em 04/04/2016.
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