sexta-feira, 21 de março de 2014

CARTA DE REIVINDICAÇÃO DAS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO EM BELO HORIZONTE, MG, e OCUPAÇÃO WILIAM ROSA, EM CONTAGEM, MG.



CARTA DE REIVINDICAÇÃO DAS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO EM BELO HORIZONTE, MG, e OCUPAÇÃO WILIAM ROSA, EM CONTAGEM, MG.

III ACAMPAMENTO DOS SEM-TETO DAS OCUPAÇÕES ROSA LEÃO, ESPERANÇA E VITÓRIA NA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE, MG.

Belo Horizonte, 21 de março de 2014.

Pela terceira vez, nós moradores/as e apoiadores/as das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, situadas na Região do Isidoro (Regional Norte da Capital) estamos acampados junto aos portões da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH. Infelizmente o motivo continua sendo o mesmo, procurar uma SOLUÇÃO DEFINITIVA, NEGOCIADA E SOCIALMENTE JUSTA junto ao poder público da Capital mineira.
Contrariando o bom senso, a democracia e os melhores princípios da vida pública, o Prefeito de Belo Horizonte, Sr. Márcio Lacerda (PSB), segue irredutível na defesa dos interesses do capital imobiliário, em especial da empresa Direcional S.A (empresa dona do projeto da Operação Urbana do Isidoro). Procura a todo custo envenenar a opinião pública contra os milhares de famílias moradoras das ocupações da região do Isidoro. Por que tanto compromisso com os interesses dos grandes empresários da construção civil e tanto desprezo pelos milhares de pessoas sem-teto residentes nestas ocupações?
Até o momento nenhuma solução sensata foi apresentada pelo Prefeito de BH, nenhuma alternativa foi colocada em discussão, apenas ameaças de despejo, provocações e calúnias que são divulgadas constantemente nos meios de comunicação.
O Poder Judiciário, por meio da postura da juíza (Sra. Luzia Divina Peixoto, da 6ª Vara de Fazenda Municipal) do processo movido contra os/as moradores/as das ocupações do Isidoro tem sido inconstitucional, desumano, injusto e completamente parcial. No lugar de procurar uma solução justa para o grave conflito social, a Sra. Juíza age no sentido oposto, acirrando os ânimos, defendendo na prática os interesses empresariais e deslegitimando todo o sacrífico daqueles que não tem outra alternativa senão ocupar terrenos abandonados para garantir o acesso à moradia digna.
O Governo Estadual, por sua vez, embora esteja negociando com as lideranças das Ocupações e com os Movimentos Sociais, tem agido pouco e sem firmeza na produção de alternativas dignas ao despejo. O Governo de MG não pode assumir uma postura recuada em relação ao conflito, se retirando do papel de ator político com responsabilidade sobre a questão habitacional no Estado. Há mais de 20 anos que o Governo de Minas não constrói nenhuma casa na região metropolitana. Os terrenos das Ocupações da região do Isidoro podem e deve ser desapropriados para fins de habitação popular. A desapropriação pode e deve ser feita pelo prefeito de BH e/ou pelo Governador de Minas. As Ocupações já são consolidadas.
O prefeito de Contagem precisa também assumir a responsabilidade de participar como protagonista da resolução do greve conflito que envolve as Ocupações Wiliam Rosa (3.000 famílias) e Guarani Kaiowá (150 famílias).
CONSIDERANDO o contexto de profundo descaso por parte dos poderes constituídos em relação à situação das famílias sem-teto do Isidoro.
CONSIDERANDO que não aceitamos o despejo como única alternativa e que queremos uma solução justa, negociada e pacífica.
DECIDIMOS realizar o III Acampamento das famílias sem-teto da Região do Isidoro (BH) e reafirmamos nossas pautas de reivindicações:
1) QUE A PREFEITURA DE BELO HORIZONTE PARTICIPE DA MESA DE NEGOCIAÇÃO ESTABELECIDA ENTRE OS GOVERNOS ESTADUAIS E FEDERAL E AS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO.

 Em especial, que participe da reunião agendada para manhã, dia 21 de março, na Cidade Administrativa, onde estarão presentes os/as representantes das ocupações, arquitetos apoiadores, Ministério Público, Defensoria Pública, Representante do Governo Federal (Ministério das Cidades e Secretaria Geral da Presidência da República), Representantes do Governo do Estado de Minas Gerais entre outros. SÓ FALTA A PREFEITURA DE BH SE ABRIR PARA O DIÁLOGO E A NEGOCIAÇÃO!

2) SUSPENSÃO IMEDIATA DAS ORDENS DE DESPEJOS, inclusive das Ocupações Wiliam Rosa, Guarani Kaiowá e Nelson Mandela!

3) FIM DAS AMEAÇAS DA PM AOS MORADORES/AS DAS OCUPAÇÕES DO ISIDORO E DA OCUPAÇÃO WILIAM ROSA, em Contagem, MG.

4) DESAPROPRIAÇÃO DOS TERRENOS DAS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO PARA FINS DE HABITAÇÃO POPULAR. ISSO É POSSÍVEL E NECESSÁRIO PARA JURIDICAMENTE ABRIR CAMINHO PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DAS COMUNIDADES ROSA LEÃO, ESPERANÇA E VITÓRIA.
REITEIRAMOS QUE ESTAMOS DISPOSTOS A DIALOGAR E PROCURAR UMA RESPOSTA JUSTA, DEFINITIVA E MADURA PARA O GRAVE CONFLITO SOCIAL, SEM A NECESSIDADE DO EMPREGO DE SOLUÇÕES DE FORÇA, DE MASSACRE E VIOLAÇÕES DE DIREITOS.  
Atenciosamente,
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Coordenação da Ocupação Rosa Leão
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Coordenação da Ocupação Esperança
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Coordenação da Ocupação Vitória
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Coordenação da Ocupação William Rosa
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Brigadas Populares, MLB, CPT, MLPM, Arquitetos Sem Fronteira, Luta Popular e Rede de Apoio.

quinta-feira, 20 de março de 2014

III Acampamento das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória na Prefeitura de Belo Horizonte, MG: Despejo, não; Desapropriação da terra e liberação da terra para o povo continuar construindo suas moradias.



III Acampamento das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória na Prefeitura de Belo Horizonte, MG: Despejo, não; Desapropriação da terra e liberação da terra para o povo continuar construindo suas moradias.


“Libere a terra para nós!”, exigem o povo das Ocupações no III Acampamento na Prefeitura de Belo Horizonte, MG.

“Libere a terra para nós!”, exigem o povo das Ocupações no III Acampamento na Prefeitura de Belo Horizonte, MG.
 

 

III Acampamento das ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão na Prefeitura de Belo Horizonte! Por Despejo zero e Regularização fundiária das Ocupações urbanas.



III Acampamento das ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão na Prefeitura de Belo Horizonte!
Por Despejo zero e Regularização fundiária das Ocupações urbanas.
RELEASE e Nota Pública. Belo Horizonte, MG, Brasil, 20/03/2014, às 08:00h.

O TJMG vem sistematicamente mandando reintegrar na posse empresas que mantinham terrenos abandonados que, por isso e porque o povo está sem moradia, foram ocupados. Muitas Ocupações urbanas estão ameaçadas de despejos, pois estão sob mandados judiciais de reintegração de posse: Ocupações Rosa Leão (1.500 famílias), Esperança (2.000 famílias), Vitória (3.500 famílias), Wiliam Rosa (3.000 famílias), Guarani Kaiowá (150 famílias), Nelson Mandela, na Fazendinha, em BH (46 famílias) etc.
Nesta quinta-feira, dia 20/03/2014, o povo das ocupações da Região do Isidoro, zona Norte de Belo Horizonte: Vitória, Esperança e Rosa Leão realizam o III ACAMPAMENTO NA PORTA DA PREFEITURA DE BH, POR TEMPO INDETERMINADO! O objetivo é exigir a abertura de negociação também com o prefeito Márcio Lacerda e, especificamente, a participação do poder público municipal na reunião de negociação intermediada pelo Governo do Estado que se realizará amanhã, sexta-feira, dia 21/03/2014, às 10:00h na Cidade Administrativa, com a participação da juíza Luzia Divina, da 6ª Vara de Fazenda Municipal - que determinou a reintegração de posse das ocupações -, de um juiz do CNJ, Dr. Rodrigo Rigamonte, do Ministério Público, Defensoria Pública, representantes dos Movimentos Sociais e lideranças das ocupações. Esperamos ter também a participação de representantes do Governo Federal, Ministério das Cidades e Secretaria Geral da Presidência.
A situação é muito grave! Na última reunião de negociação, dia 05/02/2014, a juíza Luiza Divina permaneceu insistindo na remoção forçada das ocupações e a prefeitura de Belo Horizonte nem sequer apareceu! Voltamos a alertar que realizar o despejo destas ocupações é promover uma das maiores violações de direitos da história de BH e de MG. São mais de 11.000 famílias que alcançaram o direito à moradia se organizando em comunidades nos terrenos ocupados e que não estão dispostas a abrir mão desta conquista. Não aceitarão serem despejadas sem alternativa digna, que é casa ou apto para morar já. Nas Ocupações da região do Isidoro, a PBH/URBEL fez um cadastro não idôneo, pois deixou sem cadastrar mais de 2.600 famílias, exagerou nos pontos negativos e, em laudo tendencioso, força a barra para tentar justificar os despejos. As Ocupações estão consolidadas, inclusive seguindo Plano Urbanístico feito por Arquitetos da UFMG, Arquitetos Sem Fronteira. Estão bem organizadas e resistirão às eventuais tentativas de despejos forçados.
O cenário das políticas habitacionais da capital é um dos piores do Brasil. O Governo de Minas não construiu nenhuma casa na capital há mais de 20 anos e no governo do prefeito Márcio Lacerda definhou em BH a política habitacional para famílias de baixa renda. Resultado: ou mora-se em ocupações urbanas, ou sobrevive-se sob a cruz do aluguel, nas agruras das ruas ou sob a humilhação que é sobreviver de favor. Basta dessas cruzes! As autoridades públicas precisam reconhecer que as ocupações urbanas por famílias sem-teto é quadro regular da urbanização brasileira. O déficit habitacional em BH, em 2010,estava em 78 mil casas (Dados do IBGE e Fundação João Pinheiro). O déficit habitacional em BH, hoje, ultrapassa 120 mil casas. Em MG, o déficit habitacional em 2010 estava acima de 700 mil casas.
O MLB, as Brigadas Populares, a CPT e o MLPM esperam sensatez e maturidade política de nossos governantes, construindo uma solução justa, pacífica e negociada para o gravíssimo conflito social que envolve diretamente 11.000 famílias apenas em quatro ocupações! Márcio Lacerda, negocie com as ocupações!
Convocamos toda sociedade civil mineira, as pessoas de boa vontade, para manifestar sua solidariedade ao III Acampamento das Ocupações na porta da prefeitura de BH, a partir de hoje, quinta-feira, dia 20/03/2014! Levem doações, cobertores, alimentos, palavras de apoio, presença e esperança na luta!

Assinam essa Nota Pública:
As Coordenações das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão, CPT, MLB, BRIGADAS POPULARES, MLPM, Arquitetos Sem Fronteira e Rede de Apoio às Ocupações.

Contato para maiores informações e apoio:
Com Rafael, cel.: 31 8812 0110; ou com Charlene, cel.: 31 8500 3489; ou com Bruno, cel.: 31 9250 1832; ou com Jenifer, cel.: 31 9594 6659; ou com Edna, cel.: 9946 2317; ou com Elielma, cel.: 31 9343 9696.

Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo:


quarta-feira, 19 de março de 2014

DEFENSORIA PÚBLICA DE MINAS GERAIS COBRA COMPROMISSO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES COM AS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO.

DEFENSORIA PÚBLICA DE MINAS GERAIS COBRA COMPROMISSO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES COM AS OCUPAÇÕES DA REGIÃO DO ISIDORO.

OFÍCIO n° 073/2014/DPDH
Belo Horizonte, 19 de fevereiro de 2014.

Ao Exmo. Senhor
Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro
Ministro do Ministério das Cidades
Setor de Autarquias Sul, Quadra 01, Lote 01/06, Bloco “H”, Ed. Telemundi II
70070.010 – Brasília–DF

Assunto: Solicitação de apoio institucional para a busca de uma solução pacífica ao conflito fundiário urbano vivenciado pelas famílias das Ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança no Município de Belo Horizonte.

Exmo. Senhor Ministro,

1.           A DEFENSORIA PÚBLICA ESPECIALIZADA EM DIREITOS HUMANOS, COLETIVOS E SOCIOAMBIENTAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS, por intermédio da Defensora Pública infra-assinada, nos termos do art. 5°, inc. LXXIV e art. 134 da Constituição Federal da República, do art. 1°, art. 3°-A, incs. I e III[1], art. 4°, incs. I, II, X, §2º, §6º, art. 128, inc. X da LC 80/1994, alterada pela LC 132/2009, do art. 4°, caput, art. 5°, incs. I, XI, art. 45, incs. I e art. 74, inc. IX da LC Estadual 65/2003, serve-se do presente para requerer a Vossa Excelência a atuação como mediador em processo de composição extrajudicial de conflito fundiário urbano a fim de que as famílias que integram as Ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança possam manter o exercício do direito à moradia, severamente ameaçado pela existência de quatro liminares judiciais de despejo nas seguintes Ações de Reintegração de Posse em trâmite na 6ª Vara da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte:

a)   Autos de n° 3135046-44.2013.8.13.0024
b)  Autos de n° 2427246-06.2013.8.13.0024
c)   Autos de n° 3042606-29.2013.8.13.0024
d)  Autos de n° 2978891-13.2013.8.13.0024

2.           Esta Defensoria Pública do Estado interpôs os Agravos de Instrumentos em face das decisões judiciais de concessão liminar de reintegração de posse em desfavor dos ocupantes (aproximadamente oito mil famílias), distribuídos para a 6ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (Agravos de Instrumento de n° 1.0024.13.313504-6/001; n° 1.0024.13.242724-6/001; n° 1.0024.13.304260-6/001, n° 1.0024.13.297889-1/001) e ainda pendentes de julgamento.

3.           Desta feita, esta Defensoria Pública Estadual, através da Defensoria Especializada em Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais, com votos de estima e consideração, e acreditando na interlocução entre as instituições públicas como meio eficaz de promoção da dignidade da pessoa humana, requer o apoio institucional do Ministério das Cidades para a busca de uma solução pacífica ao conflito fundiário urbano acima descrito que envolve aproximadamente 7 (sete) mil famílias, segundo informações prestadas pelos ocupantes.

Respeitosamente,
_________________________________________
Cryzthiane Andrade Linhares
DEFENSORA PÚBLICA-Madep 0674


[1] Art. 3º-A.  São objetivos da Defensoria Pública:
I – a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais;
III – a prevalência e efetividade dos direitos humanos;