Veneno
na comida: agrotóxicos fazem 365 vítimas em Minas Gerais por ano.
Por Gilvander Moreira[1]
Foto Divulgação do Jornal Brasil de Fato |
No
Brasil, de forma cada vez mais abusiva, o uso de agrotóxicos por
latifundiários, empresários no campo e vassalos do agronegócio está causando
mais de 600 mil pessoas com câncer no Brasil a cada ano, além de agredir
gravemente o meio ambiente. Em 10 anos serão mais de seis milhões de pessoas
com câncer no Brasil, vítimas de quem usa agrotóxicos na produção agrícola e do
agronegócio. Pesquisas científicas confirmam isso. O Projeto de Lei 6.299/2002,
Pacote do Veneno, da Bancada do Boi e da Bala, no Congresso Nacional, interessa
às Agroquímicas e quer reduzir a população, com muito sofrimento para todo o
povo (matar milhões de brasileiros por meio de câncer, Alzheimer etc.) e
enriquecer também a indústria da quimioterapia e da radioterapia. Esse projeto
é, portanto, de interesse de negócios que alimentam o sistema capitalista, sem
se preocupar com a saúde, com a vida do povo brasileiro.
Reportagem
do Jornal O Tempo, de 01/7/2018, mostra a gravidade do Pacote do Veneno, PL
6.299/2002: “O projeto é um “retrocesso” que vai na contramão do que vem sendo
praticado na Europa e nos Estados Unidos, diz o membro da Campanha Permanente
contra os Agrotóxicos e pela Vida, Alan Tygel. “A aprovação do PL não tem
legitimidade porque partiu de um processo extremamente autoritário e dominado
pelos interesses de multinacionais que controlam o setor agroquímico”, opina. O
professor, biólogo e pesquisador da Fiocruz, Fernando Carneiro, membro do grupo
temático Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO),
também compartilha dessa visão. “Há quase 60 anos, a bióloga norte-americana
Rachel Carson escreveu o livro ‘Primavera Silenciosa’, sobre os impactos dos
agrotóxicos, e isso acabou regulamentando a questão e gerando a criação da
Agência Ambiental nos EUA. Aqui é o contrário. A gente faz um dossiê, e eles
não só fecham os olhos para as evidências, como fazem uma lei para piorar a
situação”, afirma. Conforme dossiê da ABRASCO, a dieta dos brasileiros é
rica em agrotóxicos, inclusive os mais tóxicos. O brasileiro consome mais de
cinco litros dessas substâncias por ano, sendo 14 deles proibidos mundialmente.
Exames realizados pela Proteste em 2016 também mostraram que mais de um terço
das amostras de oito tipos de alimentos tinha agrotóxicos ilegais. Testes
toxicológicos feitos pelo Greenpeace encontraram risco em 60% das amostras de
alimentos. Com os pesticidas “temperando” a comida dos brasileiros, em 2017 o
país registrou 3.859 casos de intoxicação, mais de dez por dia. Minas Gerais é
o segundo Estado no ranking nacional de intoxicações por agrotóxico agrícola,
com 491 casos, atrás de São Paulo, com 605. Pesquisadores estimam, porém, que, para
cada caso registrado, outros 50 ocorrem sem notificação ou com notificação
errônea.”
Caso
aconteça, a aprovação do Pacote do Veneno, PL 6.299/2002, será execrável, crime
e pecado que gritará aos céus será, pois liberará no Brasil 14 agrotóxicos que
já são banidos na Europa e em muitas partes do mundo, além de flexibilizar o
que já é muito flexível: a fiscalização e a punição para quem envenena a mãe
terra, a irmã água, o irmão ar, os alimentos com agrotóxicos! Os empresários do
agronegócio matam também por meio de agrotóxicos.
Cf.
reportagem, abaixo.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 02 de julho
de 2018.
Obs.: Os vídeos,
abaixo, ilustram o texto, acima.
1-
Documentário
'O veneno está na mesa', do cineasta Sílvio Tendler
2 - O
Veneno Está na Mesa II (2014), do cineasta Sílvio Tendler.
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
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