Comunidade
camponesa de Pescadores de Canabrava, em Buritizeiro, no norte de Minas Gerais,
clamando pela reconquista do seu território invadido, dia 04/10/2017.
“Ouvi o clamor deste povo oprimido!”
As chuvas, tão
desejadas no sertão, já estão chegando na bacia do rio São Francisco! Mas,
famílias pesqueiras e vazanteiras, em Buritizeiro/MG, encurraladas numa pequena
ilha, não tem o que comemorar. Expulsas de seu território, não tem onde plantar
e não terão onde morar, se providencias imediatas não forem tomadas pelos
órgãos competentes. Ficarão ainda mais vulnerais, à mercê da violência de
fazendeiros da região sem saber para onde ir. As famílias são vítimas da
violência do latifúndio que as expulsou de seu território tradicional, com
jagunços, contando com apoio judicial e policial.
Aos órgãos de
competência e instâncias de defesa dos Direitos Humanos,
Aos parceiros e
parceiras na causa da justiça e da dignidade da pessoa humana!
Às pessoas de boa
vontade, companheiras do bem, defensores da vida que clama pelo Bem Viver...
Clamamos por justiça
às 45 famílias da comunidade tradicional pesqueira e Vazanteira de Canabrava,
em Buritizeiro/MG, situada às margens do rio São Francisco, em área
comprovadamente de domínio da União. A Comunidade está sofrendo o 3º despejo.
Dia 24 de agosto/17, a Policia Militar (PMMG) destruiu todos os barracos que a
comunidade havia reconstruído desde o despejo anterior, de 18 de
julho/17.
As famílias estão
refugiadas na pequena ilha da Esperança. Durante o dia, na atividade de pesca,
estando no canal do rio, tiros têm sido disparados desde a margem onde os
jagunços do fazendeiro fazem guarda na área de onde elas foram expulsas.
O 1º despejo, dia 18
de julho, pela PM, ocorreu com o mandato de reintegração de posse já suspenso.
A ação foi interrompida após terem derrubado 13 casas.
Escandalosamente, no
dia 20 de julho, os próprios fazendeiros, herdeiros do espólio de Breno Gonzaga
Junior, juntaram-se com fazendeiros vizinhos, e com um grupo de jagunços,
concluíram, ao seu modo, a ação de reintegração de posse, ainda com o mandato
suspenso judicialmente. Retiraram violentamente os moradores que ali se
encontravam, destruíram casas, alimentos, roças e saquearam objetos e animais
de criação.
O clima entre os
moradores era de reconstrução do seu modo de vida, após retorno ao território,
desde 04/08/17, já que tiveram visita in loco da Secretária do Patrimônio da
União (SPU), confirmando que as famílias estavam em área indubitável da União e
haviam recebido o relatório técnico do perito do MPF, comprovando a tradicionalidade
da comunidade. Este sonho em construção foi demolido no dia 24/08 com novo
despejo.
Na ilha da Esperança, as famílias não têm as
mínimas condições de permanecer. Padecem de frio a noite e calor intenso
durante o dia. Antes produziam em abundancia para sustento e agora estão à
mercê da caridade de terceiros. Neste período de estiagem, as águas do rio
apresentam maior teor de poluição, portanto padecem com falta de água potável.
O pavor das famílias,
agora, é com a subida das águas do rio a qualquer momento, pois aproxima-se o
tempo das chuvas. A única esperança é a conclusão dos estudos da SPU que se
comprometeu em regularizar a área em 60 dias. Mas as chuvas poderão chegar
antes.
Conclamamos aos
órgãos e agentes responsáveis e às pessoas de bem para um mutirão de vozes
junto à SPU e demais instâncias competentes para que agilizem, os processos de
regularização do território tradicional das famílias pesqueiras e vazanteiras
de Canabrava.
Assina
essa Nota:
Conselho Pastoral dos Pescadores/CPP-MG, por ocasião da Assembleia do CPP
regional Minas gerais e Espírito Santo, realizada em Januária/MG, de 27 a 30 de
setembro/2017.
Obs. 1: A Comissão
Pastoral da Terra (CPT/MG) apóia e está comprometida com essa causa justa, legítima,
necessária e urgente.
Obs. 2: O Governador de
Minas Gerais, Fernando Pimentel, em reunião com lideranças de Movimentos
Populares Urbanos, ouviu as reivindicações e os clamores da Comunidade
Pesqueira de Canabrava e assumiu compromissos, conforme consta na Nota sobre a
reunião com o Governador Pimentel, no link
Nenhum comentário:
Postar um comentário