Com luta, garra, fé
e organização, a Liminar foi suspensa!
Ocupação Vila da
Conquista resiste em Belo Horizonte, MG!
Com alegria e resistência,
noticiamos através desta nota que, após uma longa semana de pressão,
sofrimento, resistência e luta, a liminar do juízo da 33ª Vara Cível de Belo Horizonte,
MG, que determinava o despejo da Ocupação Vila da Conquista, na Ventosa, região
oeste de BH, foi suspensa pelo Desembargador da 13ª Câmara Cível do TJMG,
Newton Teixeira Carvalho, ao entardecer do dia de ontem, dia 10 de outubro de
2017.
O desembargador
acatou o recurso dos advogados populares que defendem a comunidade e suspendeu
qualquer possibilidade de despejo da comunidade, ao menos por ora, o que faz
com que as 100 famílias ganhem fôlego na busca por uma solução justa, digna e
prévia para a falta de seu constitucional e humano direito à moradia digna. Já
são cerca de 100 casas construídas e/ou em construção de alvenaria. Trata-se de
uma comunidade em franco processo de consolidação em um terreno que estava
abandonado há décadas. As famílias retiraram muitos caminhões de lixo do local
e estão dando função social a uma área totalmente abandonada.
Desde a semana
passada estamos vivendo um verdadeiro clima de guerra, com autoridades públicas
municipais e estaduais lavando as mãos para o destino das 100 famílias da Ocupação
Vila da Conquista e a Polícia Militar de Minas Gerais praticando um verdadeiro
terrorismo psicológico contra as famílias, com caveirão rondando a comunidade,
inclusive, conforme demonstrado por vídeo feito há 200 metros da comunidade.
Infelizmente as
autoridades públicas municipais e estaduais não estão honrando as funções por
elas exercidas e muito menos os votos dados pela sociedade. Em primeiro lugar,
o prefeito Alexandre Kalil, eleito em grande parte pelo voto dos moradores e
moradoras das ocupações urbanas, se recusou a receber representantes da
Ocupação Vila da Conquista a fim de se tentar medidas junto à Prefeitura de
Belo Horizonte. Kalil pode e deve declarar a área ocupada pela Comunidade Vila
da Conquista como de utilidade pública por interesse social para fins de
habitação popular. Em segundo lugar, o governador Fernando Pimentel está
rumando para o descumprimento de seu compromisso de não permitir qualquer
despejo sem antes se exaurir todas as possibilidades de negociação e não fazer
despejo sem alternativa digna prévia, pois a PM/MG, desde a quarta-feira
passada, dia 04/10/2017, tem feito incursões contra a comunidade, mandando
policiais militares ameaçarem as famílias de que farão o despejo a qualquer
momento, enviando a Tropa de Choque e a máquina de guerra caveirão (além de se
ter visto policiais militares escoltando um trator em bairro próximo à
comunidade) que ficaram circulando nas redondezas da ocupação, gerando um
verdadeiro clima de terror psicológico nas famílias, traumatizando as crianças
ali residentes, fazendo com que moradores e moradoras não saiam para trabalhar
com receio de terem suas casas despejadas durante o dia (o que gerou demissão
de trabalhadores que moram na ocupação).
Além disso,
representantes da Mesa de Diálogo do governo de Minas Gerais em diversos
espaços se negaram a negociar com o povo da Ocupação Vila da Conquista dizendo
que se tratava de área de risco, o que é uma mentira, pois conforme já é sabido
pelos representantes do governo estadual, o laudo elaborado pela Defesa Civil
do município de BH é inidôneo e sem fundamentação, como prova o extenso e
fundamentado laudo elaborado pelo geólogo popular Dr. Carlos Von Sperling
Gieseke.
Não temos dúvidas
que essa vitória parcial somente foi conquistada graças à resistência e luta
aguerrida das famílias da Ocupação Vila da Conquista, que não aceitaram
despejo, resistiram e denunciaram publicamente todos os abusos e ilegalidades
que maculam essa espúria, ilegal e inconstitucional tentativa de despejo. Os
moradores mobilizaram uma grande Rede de Apoio. Não é correto aceitar despejos
quando a classe trabalhadora está a suportar esta grande crise econômica gerada
pelos capitalistas, e que em razão do desemprego gerado por este 1% de parasitas
do mundo, não tem recursos suficientes para pagar aluguel, o que se comprova,
por exemplo, pelo assustador aumento das pessoas em situação de rua.
Reafirmamos nosso
compromisso e desejo em negociar uma solução justa, digna e prévia para as
famílias terem atendido o seu direito constitucional e humano de morar
dignamente, e exigimos do prefeito Kalil e do governador Pimentel uma postura
condizente com os fundamentos e objetivos do Brasil previstos na Constituição
de 1988 (dignidade humana, construção de uma sociedade livre, justa e solidária
e erradicação da pobreza e marginalização) no sentido de efetivar o direito
constitucional e humano à moradia das dezenas de famílias da Ocupação Vila da
Conquista. E que a imprensa veicule notícias sobre a luta do povo antes que
aconteça tragédia. Noticiar apenas depois que acontece tragédia é injusto.
Negociação com alternativa digna,
justa e prévia, SIM; Despejo, NÃO!
Belo Horizonte, MG, 11 de outubro de
2017.
Assinam esta nota:
Coordenação da Ocupação Vila da
Conquista
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas
e Favelas (MLB)
Rede Nacional de Advogadas e
Advogados Populares – RENA/MG
Cáritas Regional Minas
Cáritas Regional Minas
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