terça-feira, 11 de outubro de 2022

Eleger um democrata ou um tirano? Por Frei Gilvander

 Eleger um democrata ou um tirano? Por Frei Gilvander Moreira[1]

A história da humanidade demonstra que vem de longe o uso em vão do nome de Deus e o abuso da dimensão de fé das pessoas por políticos dominadores e opressores dos povos. No seu sentido original, todas as religiões buscam humanizar as pessoas religando-as com o mistério de amor e respeito que as envolve. Invocando Deus, com diferentes nomes, as religiões procuram nos religar com o Ser Supremo, com o/a próximo/a, com todos os seres vivos e com nosso eu mais profundo. Entretanto, ao longo da história, as religiões se tornaram instituições com doutrinas, dogmas e seus “sacerdotes”, funcionários que muitas vezes as degeneram usando-as para galgar poder econômico, político e posições privilegiadas de status na sociedade.

Quem tem poder religioso pode oprimir e explorar muito mais do que quem tem poder econômico, pois pode controlar consciências, comportamentos, atitudes e o mais profundo das pessoas de fé. Na Bíblia, no livro de Juízes, nos capítulos 19 a 21, e na profecia de Oseias, sacerdotes (chefes religiosos) promovem guerra fratricida estimulando a violência entre irmãos e irmãs usando em vão o nome de Deus. A idolatria religiosa oprime e explora a dignidade humana.

A Bíblia atesta repúdio veemente dos profetas e das profetisas à idolatria, que é adorar e servir a outros deuses, ídolos “construídos por mãos humanas” que exigem sacrifícios das pessoas ludibriadas em rituais religiosos que viabilizam projetos de acumulação de ofertas, dízimo etc., o que resulta em “sacos de dinheiro” para falsos sacerdotes e pastores mercenários. Imbuídos/as de ira santa, os profetas e as profetisas bíblicas bradam: “Os ídolos deles são prata e ouro, obras de mãos humanas” (Cf. Sl 115,4; Lv 19,4; Dt 4,28; Is 40,19-20; Os 8,6; Hab 2,18-20; At 19,26; Ap 9,20 e muitas outras passagens bíblicas).

A mais letal de todas as idolatrias é tentar domesticar o Deus da vida, mistério de infinito amor, e usá-lo para tentar criar um verniz de bondade e humanidade por opressores travestidos de bons samaritanos. Diante destes, possuído por uma ira santa e profética, Jesus Cristo “chutou o pau da barraca” e expulsou os mercadores do templo (Mt 21,12-13; Mc 11,15-19; Lc 19,45-49; Jo 2,13-25 ).

Ao longo da história, ditadores e tiranos sempre usaram e abusaram da dimensão de fé das pessoas e invocaram o nome de Deus em vão. Os imperadores do sanguinário, opressor e repressor Império Romano se consideravam deuses e exigiam o culto ao imperador. Na época em que foi escrito o livro do Apocalipse, nos anos 54 a 110, os imperadores Nero e Domiciano impuseram brutal tribulação às primeiras comunidades cristãs e ao povo escravizado. Esfolaram brutalmente o povo com pesadíssima carga tributária, perseguição e repressão. Muitos líderes das comunidades foram presos, torturados e mortos. Ao escrever o livro do Apocalipse, seu autor teve que usar nome falso, João, para não ser torturado e morto. Muitas pessoas foram martirizadas, como os apóstolos Tiago e Paulo. Também foi martirizado Antipas, “fiel seguidor de Jesus Cristo”, membro da Comunidade cristã de Pérgamo (Ap 2,13).

Na invasão da África e das Américas por europeus que exerciam poder opressor também a cruz, símbolo do cristianismo, foi levada à frente da espada que vinha escondida na mão atrás do corpo do projeto colonizador. Em nome de uma fé idólatra, negros e indígenas foram criminalizados e demonizados como se não fossem humanos. Esta violência religiosa pavimentou o caminho para o massacre e o genocídio de povos negros e indígenas e a brutal escravidão imposta no Brasil há mais de 350 anos.

Com o slogan “Deus, Pátria e Família”, o fascismo se espalhou na Europa com Benito Mussolini na Itália, Adolfo Hitler na Alemanha e com o general Franco na Espanha, sendo estes eleitos pelo povo seduzido e cegado por líderes religiosos e até pelo papa Pio XI, que se arrependeu amargamente ao descobrir as atrocidades dos fascistas. O papa Pio XI percebeu tarde que tinha chocado ovo de serpente. Com os nazifascistas europeus no poder, milhões de pessoas foram assassinadas – mais de 6  milhões de judeus, ciganos, camponeses, homossexuais etc., - em nome de “raça pura”, pensamento único, uniformização cultural da sociedade a partir dos que estão no poder tiranizando a maioria do povo e tecendo relações sociais escravocratas.

Imposta ao povo brasileiro em 31 de março de 1964 a ditadura militar-civil-empresarial também usou e abusou da dimensão de fé do povo. Usando os símbolos nacionais, bandeira do Brasil, o verde amarelismo e o patriotismo xenófobo, houve marchas “religiosas” idolátricas em defesa da “Família, Deus e Propriedade” em apoio à ditadura militar que se implantava e que mentirosamente alegava ser um regime que livraria o Brasil do comunismo, cortina de fumaça para um projeto de dominação política e econômica que abriu as portas do Brasil para as empresas transnacionais com desnacionalização da nossa economia.

Na prática, os generais ditadores impuseram o terror com o AI-5[2] fechando o Congresso Nacional, mudando a Constituição, cassando deputados e senadores, exilando muitas lideranças – “cérebro do povo brasileiro” -, impondo tortura e morte, aprofundando a brutal desigualdade social existente. Sob a baioneta dos generais tiranos, a Reforma Agrária foi bloqueada com perseguição brutal às mais de 1200 Ligas Camponesas existentes e a latifundiarização do país foi incrementada. Os generais ditadores determinaram que empresários que comprassem terras na Amazônia ou no Centro-oeste teriam isenção de 50% de impostos.

Criado e difundido por Paulo Freire, o Movimento de Educação de Base (MEB) foi extinto, porque interessava à ditadura manter altíssimas taxas de analfabetismo no meio do povo. Obras faraônicas, como a rodovia Transamazônica, foram feitas para abrir caminho para a invasão da Amazônia e o endividamento do Brasil perante os Estados Unidos e empresas transnacionais. A ditadura impediu a realização de Reformas Sociais de base necessárias para construirmos Justiça Agrária, Social e Urbana. 

Agora, nas eleições de 2022, novamente está acontecendo o uso e o abuso escancarado do nome de Deus e de versículos bíblicos para tentar justificar um projeto de poder ditatorial e a implantação de mais uma ditadura no Brasil. Isso é brutal idolatria. Será atitude suicida autorizar pelo voto o início de mais uma ditadura no Brasil que, sob a tirania de uma pessoa desumana, será sanguinária e precipitará o fim da humanidade. Além de milhares de humanos mortos, será a devastação completa da biodiversidade e da Amazônia, o que secará os rios aéreos causando a desertificação das regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

O inominável antipresidente, em conluio com falsos pastores e padres mercenários, segue abusando da dimensão religiosa das pessoas, seduzindo e cegando muita gente. Há tantos sinais que demonstram que Bolsonaro não é cristão e nem defensor da família. Como pode ser aceito como defensor da família alguém com a história familiar que tem, que já agrediu e ofendeu tantas mulheres, que tem ligações com milicianos, com inúmeros casos de “rachadinhas” envolvendo funcionários fantasmas, que tem como ídolo o torturador Ustra, que assinou 34 decretos flexibilizando o acesso a armas que só aumentam a violência, que atrasou em seis meses a compra de vacinas, desdenhou da dor de quem estava asfixiado pela Covid-19 e, assim, condenou à morte quase 700 mil pessoas? Como pode alguém ser aceito como paladino da moralidade com mais de 17 casos de corrupção constatados[3] e que coloca muita coisa suspeita sob sigilo de 100 anos? Como pode ser considerado digno e competente para ser reeleito presidente do Brasil alguém que desgovernou o Brasil nos últimos 4 anos impondo fome atroz a mais de 33 milhões de pessoas, proibindo fiscais do Governo Federal de fiscalizar o desmatamento da Amazônia, em conluio com garimpeiros e invasores de terras dos povos indígenas, não demarcando nem um centímetro de terra dos indígenas, fustigando e ameaçando o Supremo Tribunal Federal para não julgar e demonstrar a inconstitucionalidade da esdrúxula tese do Marco Temporal?

Lula não é perfeito, mas é mil vezes melhor que o inominável antipresidente. Em 8 anos como presidente do Brasil, ele demonstrou que tem compromisso com a democracia, com políticas públicas que garantem a dignidade e o desenvolvimento do povo. Compromete-se, agora, com o aumento anual e real do salário mínimo, com a continuidade do Bolsa Família/Auxílio Brasil de R$600,00, com o resgate de políticas públicas que atendam às reivindicações justas e legítimas dos Povos Indígenas, Quilombolas e de todos os outros Povos e Comunidades Tradicionais. Compromete-se com políticas que asseguram o combate ao racismo, à homofobia e ao feminicídio; com investimento pesado no SUS[4] e na educação pública, da creche ao pós-universidade; com a fiscalização e coibição do desmatamento ilegal, com o apoio à agricultura famíliar na linha da agroecologia; com a política externa cidadã que garanta a responsabilidade que o Brasil tem no contexto internacional.

Enfim, aprendamos com a história do fascismo que nos diz que muitos ditadores e tiranos foram eleitos usando e abusando do nome de Deus e acenando de forma hipócrita para as pessoas religiosas. Fascismo é ovo de serpente e não deve ser chocado. Para o bem do povo, do meio ambiente e das próximas gerações, justo e ético é votar no 2º turno dia 30 de outubro próximo (2022), em LULA para PRESIDENTE DO BRASIL, n. 13.

11/10/2022

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado acima.

1 – Uso abusivo da religião nas eleições - Por frei Gilvander - 1º/10/2022

2 - Modelo de sociedade escravocrata violenta sendo imposto pelo bolsonarismo? Por Pastor Ed René Kivitz

3 - Dez mudanças que ocorrerão nas igrejas caso Bolsonaro perca a reeleição para Presidente do Brasil

4 - Por que Evangélicos, Católicos e pessoas de outras religiões devem votar em Lula no 2º turno?

5 - Ato Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra golpistas/opressores

6 - Carta da Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay

7 - A Democracia funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander - 12/4/2021

8 - Vote pela democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte - 11/11/2020

9 - Luta contra mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na TVC-BH

10 - 27º Grito dos Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro! 07/09/2021

11 - Fernando Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São Félix/MT agora

12 - 5ª Romaria das Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei Gilvander

13 - Milhares no 28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de direitos, já!"


[1] Padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica (SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

[2] Editado pelo general ditador Artur da Costa e Silva, dia 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional n. 5 foi um dos mais terríveis 17 Atos Institucionais decretados pelos generais da ditadura de 1964 a 1985. Impôs os “anos de chumbo”, fechou o Congresso Nacional, impôs uma nova Constituição e um regime tirânico sanguinário.

[3] 17 casos de corrupção de Bolsonaro, seu clã e governo: 1) Rachadinha é uma “prática comum”, diz Bolsonaro; 2) Funcionários fantasmas dos Bolsonaros receberam 29 milhões de reais em salários; 3) A ligação do clã Bolsonaro com paramilitares e milicianos se estreitou com a eleição de Flávio Bolsonaro; 4) Queiroz diz porque depositou 89 mil reais na conta de Michelle Bolsonaro; 5) Família Bolsonaro atuou para esconder e proteger Fabrício Queiroz; 6) Ricardo Salles é investigado por esquema de exportação ilegal de madeira; 7) “Governo Bolsonaro pediu propina de 1 dólar por dose”, diz vendedor de vacina; 8) Ex-ministro Milton Ribeiro foi preso em Operação da Polícia Federal por crimes na condução do Ministério da Educação; 9) Procuradoria no TCU vê indício de crime em compras de trator com verba para família pobre; 10) Diretor geral da Polícia Federal troca comando de setor que investiga Bolsonaro; 11) Chefe da SECOM recebe dinheiro de emissoras e agências contratadas pelo governo Bolsonaro; 12) Licitação do Governo prevê pagar R$732 milhões a mais por ônibus escolares; 13) Dinheiro público banca centenas de caminhões de lixo com preços inflados; 14) Bolsonaro tenta “lavar as mãos” sobre Orçamento Secreto, mas histórico mostra atuação conjunta do governo com o Congresso; 15) Vacina, cartão, viagens, caso Genivaldo: Lista de sigilos do governo cresce; 16) Flávio Bolsonaro compra mansão de R$ 5,97 milhões em bairro nobre de Brasília; 17) Metade do patrimônio do clã Bolsonaro foi comprada em dinheiro vivo (51 imóveis).

[4] Sistema Único de Saúde. 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Olhar crítico sobre o 1º turno das eleições. Por Frei Gilvander

 Olhar crítico sobre o 1º turno das eleições. Por Frei Gilvander Moreira[1]

Partindo dos dados: a apuração do 1º turno das eleições no Brasil dia 2 de outubro (de 2022) revelou que Lula obteve 48,43% dos votos válidos (57.257.473 milhões de votos), 5,23% a mais que Bolsonaro com 43,2% (51.071.106 milhões de votos). Para Lula ser eleito presidente no 1º turno faltou 1,57% + 1 dos votos válidos. Simone Tebet obteve 4,16% e Ciro Gomes, 3,04%. Houve 20% de abstenção. Lula foi o mais votado em 14 estados e Bolsonaro, em 13 estados. Os eleitos para a Câmara Federal e para o Senado indicam que a partir de 1º de janeiro de 2023 teremos um Congresso Nacional mais à direita, defensor do grande capital. Mas, o PT também cresceu, juntamente com seus aliados. A federação PT-PCdoB-PV elegeu 80 deputados/as (PT com 68, PCdoB com 6  e PV com 6) e o PSOL elegeu 14 deputados federais. Elegeram-se índios, negros, LGBTQIA+, Sem Terra, Sem Teto, um significativo número candidatos comprometidos com as lutas por justiça social, agrária, urbana, ambiental e com a superação das discriminações. Entretanto, O 2º turno será dia 30 de outubro e será disputa acirrada, provavelmente.

Analisar sob todos os aspectos e não recair em análises simplistas ou dualistas é necessário e fazer autocrítica sempre é imprescindível. O resultado do 1º turno demonstra que as fake news – “notícias” mentirosas - continuam causando um estrago brutal no meio do povo, muitas vezes através de tubulação religiosa que carrega ideologia dominante em currais políticos religiosos, onde, em nome de Deus, da Pátria e da Família, há uma indústria produzindo pessoas reacionárias, moralistas, hipócritas, desumanas, preconceituosas. Muita gente continua sendo seduzida por mensagens absurdas, tais como a que alega que “Lula vai fechar igrejas.” Como, se Lula e a Dilma em 13 anos de governo não fecharam nenhuma igreja? Foi Lula que criou a Lei do Dia Nacional da Marcha para Jesus (Lei 12.025). Lula é católico, cristão que tem sensibilidade humana e social.

Diante de problemas complexos, muita gente assume posturas moralistas e fundamentalistas, que as levam a posturas dogmáticas, tais como, “defendo a família e pronto”, “Sou cristã” e “Deus acima de tudo e Família acima de todos”. Triste engano pensar que para defender a família basta dizer “defendo a família”. Apoiar um candidato que fala de forma abstrata ser defensor da família ao mesmo tempo que implementa políticas de morte diariamente significa destruir as famílias no atacado. Ao apoiar de forma irrestrita o agronegócio liberando um exagero de agrotóxicos, que está sendo a causa principal da epidemia de câncer que ceifa a vida de 250 mil pessoas por ano no Brasil, se mata no atacado de muitas formas. Ao restringir a fiscalização do IBAMA[2] e das outras instituições de fiscalização, abre espaço e incentiva a ação criminosa de garimpeiros em territórios indígenas e o desmatamento desenfreado da Amazônia e de outros biomas que só cresce. Com isso secam-se os rios aéreos, que são responsáveis para garantir o regime de chuvas no Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Na última safra já foi constatado um enorme prejuízo por falta de chuvas no tempo certo. Pisoteia na dignidade humana e mata-se no atacado, ao realizar políticas públicas que impõem a fome a 33 milhões de pessoas. Ao assinar 34 decretos que reforçam o armamentismo na sociedade, ceifa-se a vida de milhares de pessoas porque a violência, o feminicídio e a morte por armas crescem. O atraso em seis meses na compra da vacina da COVID-19 levou à morte quase 700 mil pessoas, sendo que cerca de 400 mil pessoas poderiam estar vivas, se tivessem se vacinado em tempo hábil. Então, é preciso avaliar as pessoas com poder político não apenas pelo que elas dizem, mas principalmente pelo que elas fazem. Ou seja, o tipo de política que elas implementam gera vida ou morte?

Não basta a gente constatar os problemas, é preciso buscar as causas que estão gerando os problemas. O resultado do 1º turno das eleições demonstra que parte do povo está como ovelhas sem pastores/as. Muita gente está sendo seduzida por mentiras repassadas por falsos pastores, falsos padres, enfim, líderes religiosos fundamentalistas, porque a Igreja Católica e outras igrejas abandonaram a Opção pelos Pobres, ao contrário do “bom samaritano” (Lc 10,25-37), se distanciaram dos pobres, e temos hoje mais de 90% das comunidades periféricas sendo “atendidas” apenas por igrejas (neo)pentecostais, que apenas propõem consolo e autoajuda e via de regra alimentam posturas moralistas, fundamentalistas e criminalizadoras das políticas sociais. Só com trabalho de base, no corpo-a-corpo, estabelecendo relações de amizade, de amor, de solidariedade e de compromisso com os pobres, nas suas necessidades e causas, poderemos orientar os rebanhos prisioneiros hoje por líderes religiosos hipócritas, verdadeiras matilhas de lobos travestidos de bons samaritanos.

A historiadora Alenice Baeta alerta e nos interpela: “O fascismo é uma das faces mais violenta, triste e crítica do capitalismo em crise, regado pela fome, morte, guerras, desinformação e insensatez em sua forma mais vil. Cem anos após o início da primeira onda fascista no mundo europeu, que o devastou, o que aprendemos mesmo? Simplesmente a abrir os livros de história e ver as antigas fotos, fatos e catástrofes humanas brutais. Precisamos encarar a realidade. O fascismo com uma nova roupagem saiu de nossos livros e do nosso imaginário como algo do passado e avança sobre nós agora com novo formato, usando as novas tecnologias que impõem tsunamis de fake news na veia das pessoas e a tal pós-modernidade a seu favor, iludindo e confundindo novamente milhões de homens e mulheres em várias partes do mundo. A nossa geração precisa entender de verdade o que isso significa e suas consequências gravíssimas para a humanidade, em especial para o povo trabalhador, superexplorado e violentado, vítima da própria manipulação que sofre da elite que quer tê-lo como massa de manobra e subserviente como “gado”. Isto explica o número de votos em candidatos fascistas, que representam a elite mais tosca que impõe necropolítica, que quer manter os seus privilégios e o controle das riquezas e dos bens naturais do planeta, ainda que o façam o destruindo dia após dia, até o fim dos tempos.”

Com o slogan “Deus, Pátria e Família”, o fascismo se espalhou na Europa com Mussolini, Hitler e Franco, sendo estes eleitos pelo povo cegado. Aprendamos com a história do fascismo que nos diz que muitos ditadores e tiranos foram eleitos usando e abusando do nome de Deus e acenando de forma hipócrita para as pessoas religiosas. No nazifascismo europeu milhões de pessoas foram assassinadas – mais de 6  milhões de judeus, ciganos, camponeses, homossexuais etc., - em nome de “raça pura”, pensamento único, uniformização da sociedade a partir dos que estão no poder tiranizando a maioria do povo e tecendo relações sociais escravocratas. Fascismo é ovo de serpente e não deve ser chocado.

Fica evidente mais uma vez que apostar as principais energias em política institucional e em eleições e arrefecer o compromisso com as lutas concretas por direitos da classe trabalhadora e camponesa superexplorada é um erro político gravíssimo. Sem lutas concretas por direitos e cada vez mais massivas não conseguiremos jamais superar a onda de extrema-direita que está varrendo muitos países mundo afora. Só defendemos na prática e de forma efetiva a vida se criarmos as condições objetivas que viabilizem o respeito à dignidade da pessoa humana e de toda a biodiversidade.

Quem foi eleito na onda moralista e fundamentalista subiu “vertiginosamente”, mas pode cair de repente e/ou revelar sua insignificância política, como o palhaço Tiririca, que sendo exímio humorista, na Câmara Federal não conseguiu ser um político com alguma importância, pois estava fora da sua praia. Como balão de ar, muitos eleitos pela sedução de mentiras das redes virtuais não têm consistência, pois estão recheados de contradições que podem irromper de forma inesperada também a qualquer momento. Quem foi eleito buscando adquirir foro privilegiado porque está temendo ter que responder nas raias da Justiça pelos inúmeros crimes que cometeu terá sempre telhado de vidro e pode cair a qualquer momento.

Houve uma avalanche de fake news disseminada para milhões de pessoas. Cadê o STF[3] e o TSE[4] para coibirem isso de forma preventiva? E o abuso da máquina pública e do orçamento secreto que irrigou gigantes currais eleitorais?

Se o inominável vencer no 2º turno, ele poderá indicar mais dois ministros para o STF e com o Senado mais conservador à direita os nomes indicados serão confirmados. E poderá inclusive fazer “impeachment” de ministros do STF. Assim teremos os três poderes na prática unificados. Eis o caminho para a tirania e para morte final da democracia. Neste cenário, quem vai perder muito? O povo e toda a comunidade de vida, porque a Amazônia continuará sendo devastada e a violência social alimentada por políticas de superexploração do povo.

Entretanto, como dizia Carlos Drummond de Andrade, em 1968, nos anos de chumbo, no poema Quando: "... Então é hora de recomeçar tudo outra vez, sem ilusão e sem pressa, mas com a teimosia do inseto que busca um caminho no terremoto”, com a convicção de que “quem cultiva a semente do amor segue em frente e não se apavora”, como nos lembra a canção “Tá escrito”, feliz inspiração de Alexandre Assis, Carlos Rodrigues e Gilson Bernini. Sigamos firmes e irmanados/as na luta pela democracia, o que passa necessariamente pela eleição de Lula como presidente do Brasil. Sigamos com fé no Deus da vida e pés no chão! Sem tempo para melancolia de esquerda, como dizia Walter Benjamin – “isso é luxo para existencialista europeu.” Vamos para a luta até depois da vitória!

04/10/2022.

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Ato Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra golpistas/opressores

2 - Carta da Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay

3 - A Democracia funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander - 12/4/2021

4 - Vote pela democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte - 11/11/2020

5 - Luta contra mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na TVC-BH

6 - 27º Grito dos Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro! 07/09/2021

7 - Fernando Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São Félix/MT agora

8 - 5ª Romaria das Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei Gilvander

9 - Milhares no 28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de direitos, já!"


[1] Padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica (SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

[2] Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais.

[3] Supremo Tribunal Federal.

[4] Tribunal Superior Eleitoral.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Uso abusivo da religião nas eleições. Por Frei Gilvander

 Uso abusivo da religião nas eleições. Por Frei Gilvander Moreira[1]

As eleições no Brasil em outubro de 2022 coincidem com os 100 anos da irrupção do fascismo no mundo, especialmente na Itália, iniciado com a Marcha sobre Roma, dia 28 de outubro de 1922, sob a liderança do ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945). Nos últimos 100 anos, como um vulcão em erupção, o fascismo tem cuspido injustiças, discriminações, violências, ditaduras e reprimido com requintes de crueldade milhões de pessoas em muitos países, em nome de “Deus, Pátria e Família”. O livro O Papa e Mussolini: a conexão secreta entre Pio XI e a ascensão do fascismo na Europa, do historiador estadunidense David I. Kertzer, conta como o papa Pio XI colaborou com o tirano Mussolini para a ascensão do fascismo em troca de privilégios para a Igreja Católica. Após ser eleito pelo povo, com discurso religioso e ufanista, em seu discurso de posse como primeiro-ministro, em outubro de 1922, Mussolini invocou a ajuda de Deus, mesmo sendo ateu, fez discurso religioso afirmando que “Roma era o lar espiritual dos católicos de todo o mundo e que o fascismo ajudaria a promover os valores cristãos na sociedade italiana – um Estado católico para uma nação católica”, tudo o que o papa Pio XI e os católicos tradicionais gostariam de ouvir.

Kertzer afirma: “O papa Pio XI sabia que Mussolini era antirreligioso até o último fio de cabelo, mas viu nele a oportunidade de alcançar um acordo que restaurasse privilégios que a Igreja Católica gozava antes da unificação italiana até 1870.” Ignorando os verdadeiros motivos que levaram à realização da Revolução Russa em 1917 – luta pela superação da tirania czarista do Czar Nicolau II e a superexploração do povo - e fortalecendo o capitalismo de forma não confessada, o papa Pio XI uniu sua cruz ao porrete dos fascistas para combater o comunismo. Mussolini levou ainda todo o seu gabinete para rezar de joelhos no Vaticano. Em 1924,  quando fascistas assassinaram o socialista Giacomo Matteotti por denunciar a fraude eleitoral de Mussolini, o papa Pio XI repreendeu os parlamentares católicos e manteve o apoio a Mussolini, ajudando-o a superar a crise e consolidar seu poder ditatorial. Mussolini mandou colocar crucifixos nos tribunais, no Parlamento, nas escolas e em todas as repartições do Estado italiano. Incorporou feriados religiosos ao calendário e capelães católicos às Forças Armadas. Introduziu o ensino da religião católica no currículo escolar e patrocinou a restauração de muitas igrejas católicas. Em 11 de fevereiro de 1929, Mussolini assina o Tratado de Latrão, reconhecendo a soberania política e territorial do Vaticano.

Entretanto, o papa percebeu que tinha chocado ovo de serpente quando Mussolini se aliou a Hitler, que estava perseguindo inclusive os católicos na Alemanha. O fascista Mussolini adotou na Itália também as leis antissemitas que perseguiam os judeus. Quando planejava denunciar a aliança macabra de Mussolini e Hitler e pedir perdão pelo erro histórico que foi apoiar o fascismo italiano, em 1939, o papa Pio XI morreu.  Mussolini ordenou que todas as cópias do sermão-denúncia do papa Pio XI fossem destruídas e foi atendido pelo cardeal Eugenio Pacelli, futuro papa Pio XII, sobre quem pesam acusações de cumplicidade silenciosa com o nazifascismo. Entretanto, nosso querido papa Francisco tem denunciado com veemência a tirania do sistema econômico capitalista – “economia de morte” - e junto com Movimentos Sociais Populares tem apontado que o caminho a seguir inclui construir uma sociedade do bem viver e conviver, o que exige superar as relações sociais escravocratas e construirmos relações sociais socialistas.

Com o slogan “Deus, Pátria e Família”, o fascismo se espalhou também para a Espanha com o Franquismo, que foi o regime ditatorial do general Francisco Franco (1892-1975). Já sabemos as brutalidades, injustiças e violências perpetradas pelos nazifascistas na Itália, na Espanha e, de forma extremada, na Alemanha sob o nazismo: milhões de pessoas assassinadas – mais de 6 milhões de judeus, ciganos, camponeses, homossexuais etc., - em nome de “raça pura”, pensamento único, uniformização da sociedade a partir dos que estão no poder tiranizando a maioria do povo e tecendo relações sociais escravocratas. Ultimamente vimos as atrocidades que o fascista Trump causou nos Estados Unidos e em muitos outros países do mundo. Alguns países atualmente padecem as agruras do fascismo, entre eles a Turquia e o Brasil. A grave crise pela qual passa a Itália levou à ascensão do neofascismo no parlamento italiano com as mesmas hipócritas bandeiras de Deus, Pátria, Família, bons costumes, nacionalismo xenófobo, meritocracia, privatização de bens e serviços públicos até ao absurdo de afirmar que vai fechar o país e não permitirá a entrada de imigrantes.

Importa ressaltar que onde há capitalismo há potencial para descambar para o horror que é fascismo. Quem não consegue denunciar as brutalidades do capitalismo não tem moral para denunciar o fascismo, pois capitalismo é o celeiro onde se gera o fascismo. Logo, para impedirmos ou interrompermos projeto de poder fascista precisamos superar as relações sociais capitalistas que são em última análise as geradoras do fascismo.

Temos quer recordar para não repetir. Política com P maiúsculo é arte e ciência de luta pelo bem comum, luta por direitos em uma sociedade capitalista escravocrata. O sentido mais profundo de Religião é nos religar com Deus, o mistério de infinito amor que nos envolve, nos religa com o próximo e com todas as criaturas que compõem a comunidade de vida na nossa única casa comum, o Planeta Terra. Nesse sentido, nosso Deus não é um Deus neutro, omisso e nem cúmplice diante das injustiças. A Bíblia respira profecia, de ponta a ponta, do Gênesis ao Apocalipse. Na experiência fundante dos povos da Bíblia escravizados estão as parteiras no Egito fazendo rebelião, desobediência civil, política e religiosa diante de um decreto lei do faraó que mandava fazer controle de natalidade matando ao nascer as crianças do sexo masculino. Diante de uma política de morte as parteiras se rebelaram e o Deus solidário e libertador ficou feliz com a posição das parteiras. Assim iniciou o processo de libertação dos povos escravizados debaixo do imperialismo dos faraós no Egito. Os quatro evangelhos da Bíblia narram Jesus expulsando os vendilhões do templo. Foi com rebelião religiosa, política e econômica que se iniciaram os processos de libertação dos povos da Bíblia. As pessoas religiosas são convidadas a serem luz nas trevas, fermento na massa e sal na comida para construirmos uma sociedade justa economicamente, solidária socialmente, sustentável ecologicamente e respeitosa diante da imensa diversidade cultural e religiosa. Portanto, usar a religião para se promover politicamente e para se enriquecer não é justo, é traição à aliança com o Deus da vida e negação do Evangelho de Jesus Cristo.

Lamentavelmente existe no Brasil atualmente muitos políticos, padres, pastores, líderes religiosos enfim, que usam e abusam do nome de Deus, citando fora de contexto versículos bíblicos e usando a fé das pessoas para se beneficiar politicamente e enriquecer-se. Isso não é justo, não é ético, é idolatria. Ultimamente, eleição após eleição, está crescendo o número de pastores eleitos para cargos políticos. Isto não tem melhorado a vida do povo. Aliás, tem piorado muito, pois assistimos a um predominante abuso do nome de Deus e da dimensão espiritual das pessoas, enquanto os religiosos eleitos apoiam políticas de morte como o agronegócio brutalmente devastador do meio ambiente e gerador de 33 milhões de famintos e a necropolítica do atual antipresidente.

Hoje muitos movimentos religiosos alimentam o fanatismo que se apoia no fundamentalismo, que leva as pessoas a assumirem posições moralistas, autoritárias e discriminatórias. Seja por ignorância, por mediocridade ou por propósitos não confessados, o que acontece atualmente em muitas igrejas é um descarado comércio, ou seja, uso e abuso do nome de Deus, invocado em vão, e a citação de versículos da Bíblia retirados dos seus contextos para justificar posturas discriminatórias, moralistas, absurdas e cumprir um objetivo não confessado, que é ajuntar e acumular cada vez mais dízimo, ofertas, muitas vezes induzindo as pessoas simples e humildes a doarem o pouco que tem em busca de bênção, cura e conforto. É cretinice alardear “Deus acima de tudo, família acima de todos”, mas fomentar o armamentismo, a devastação ambiental, a perseguição aos povos indígenas, quilombolas, LGBTQIA+, reforçar a cultura machista e patriarcal e amputar cada vez mais o braço social do Estado. Dizer de forma abstrata que defende a família e na prática amputar direitos trabalhistas, previdenciários, retirar dinheiro do SUS e da farmácia popular é na prática pôr no corredor da morte milhões de famílias empurrando-as para a fome, a doença e a morte lenta. A teologia que liberta busca construir relações humanas e sociais de amor, de justiça, de ética, de solidariedade, de ajuda mútua e de responsabilidade social, ambiental e geracional e jamais alimentar ódio, intolerância e discriminações.

Essa postura de centenas de líderes religiosos que se servem do poder religioso para angariar poder político e acumular riqueza é totalmente contraditória com o Evangelho de Jesus Cristo, que pede para sermos bons pastores, ou seja, cuidarmos de todo o rebanho e principalmente das ovelhas machucadas e enfrentar os lobos muitas vezes travestidos de bons samaritanos. Injustamente, há falsos pastores e falsos sacerdotes se aliando a lobos ao apoiar armamentismo, devastação ambiental, amputação de políticas públicas que geram vida para o povo.

O abuso do nome de Deus e da fé das pessoas também precisa ser considerado crime eleitoral e levar à cassação do/a candidato/a ou do eleito/a que se aproveitou da dimensão de fé das pessoas iludindo-as. A palavra/princípio básico do Decálogo Bíblico é: “Não matarás!” (Êxodo 20,3). Não merece o voto de uma pessoa que busca ser humana - respeitosa, justa e solidária - um candidato/a que faz propaganda, fazendo alusão ao uso de armas e coloca um fuzil nas mãos de uma criança, dizendo que é melhor do que feijão. Esse candidato, de fato, pisoteia na fina flor da Bíblia que nos exorta a construirmos uma sociedade com Justiça e Paz, com vida em abundância para todos/as (Jo 10,10). Priorizemos eleger mulheres de luta pelo bem comum, negros que lutam pela superação do racismo e indígenas que estão comprometidos com as lutas pelo resgate dos territórios indígenas e pela abolição da famigerada tese do marco temporal.

Enfim, aprendamos com a história do fascismo que nos dias que muitos ditadores e tiranos foram eleitos usando e abusando do nome de Deus e acenando de forma hipócrita para as pessoas religiosas. Fascismo é ovo de serpente e não deve ser chocado.

Belo Horizonte, MG, 27/9/2022.

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Ato Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra golpistas/opressores

2 - Carta da Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay

3 - A Democracia funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander - 12/4/2021

4 - Vote pela democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte - 11/11/2020

5 - Luta contra mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na TVC-BH

6 - 27º Grito dos Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro! 07/09/2021

7 - Fernando Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São Félix/MT agora

8 - 5ª Romaria das Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei Gilvander

9 - Milhares no 28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de direitos, já!"



[1] Padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica (SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

  

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Não vote em mercenários da fé. Por Frei Gilvander

 Não vote em mercenários da fé. Por Frei Gilvander Moreira[1]


Na atual legislatura do Congresso Nacional, na Câmara Federal e no Senado, existem mais de 100 deputados ou senadores que são pastores, a maioria dos quais integram a chamada Bancada Evangélica (da Bíblia) com 203 deputados, que está associada às Bancadas do Boi com 210 deputados (Agronegócio) e da Bala (do armamentismo). A maioria dos deputados e senadores pastores participam do Centrão, maioria ultraconservadora do Congresso Nacional que sustenta o pior presidente que o Brasil já teve, se negando inclusive a tramitar mais de 160 pedidos de impeachment apontando uma série muito grande de crimes de responsabilidade do atual presidente e praticando, com a cumplicidade do poder Judiciário e do antipresidente, um crime gravíssimo, que é o orçamento secreto: distribuição de 5 bilhões de reais do orçamento do Governo Federal sem transparência, alimentando currais eleitorais. Nas eleições de 2022, o número de pastores candidatos aumentou em mais de 15%. Ultimamente, eleição após eleição está crescendo o número de pastores eleitos. Isto não tem melhorado a vida do povo. Aliás, tem piorado muito, pois assistimos a um predominante abuso do nome de Deus e da dimensão espiritual das pessoas enquanto os religiosos eleitos apoiam políticas de morte como o agronegócio brutalmente devastador do meio ambiente e gerador de 33 milhões de famintos e a necropolítica do atual antipresidente.

Na Bíblia e na fina flor de todas as religiões há um rechaço veemente à idolatria, que é adorar ídolos. A pior idolatria é tentar domesticar o Deus verdadeiro, amordaçá-lo e usar linguagem religiosa com objetivo escuso de manipular a fé das pessoas para fins de obter poder político e enriquecer-se. Os profetas e profetisas bradam contra a idolatria. Segundo a profecia de Oseias, os sacerdotes são os grandes culpados pela violência reinante. O povo percebe que os sacerdotes haviam se transformado em assassinos e se comportavam como bandidos em emboscada (Os 5,9). Diante dessa dramática máfia religiosa e política, o povo, passando por um processo sofrido de conversão, conclui, voltando-se para o Deus Javé: “é em Ti que o órfão encontra misericórdia” (Os 14,4). A hipocrisia e o cinismo dos sacerdotes na condução do culto fazem o povo descobrir que o caminho para a libertação não passa pelos sacrifícios, mas pela misericórdia. A conclusão é: “Misericórdia, sim; sacrifício, não!” (Os 6,6).

A mais cruel idolatria é a do mercado idolatrado, que faz em nome do ídolo mercado ir “passando a boiada”, os gigantes tratores devastando os ecossistemas para extrair minérios ou produzir commodities para auferir acumulação de lucro e capital e deixando nos territórios terra arrasada: desertificação, contaminação e crimes socioambientais premeditados. E com isso jogando nas agruras da fome mais de 33 milhões de pessoas. Ai de quem usa em vão o nome de Deus e abusa de versículos bíblicos citando-os para tentar legitimar posturas que geram discriminação, opressão, injustiça, violência e morte de muitas formas! Sendo um camponês indignado diante da injustiça agrária, social e urbana, o profeta bíblico Amós brada: “Escutem exploradores dos vulneráveis, opressores dos pobres do país! Vocês ficam maquinando: “Quando vai passar a festa da lua nova para podermos pôr à venda o nosso trigo? Quando vai passar o sábado para abrirmos o armazém para diminuir as medidas, aumentar o peso e viciar a balança, para comprar os fracos por dinheiro, o necessitado por um par de sandálias, e vender o refugo do trigo?” (Am 8,4-6). Esta veemente profecia se encaixa perfeitamente em uma legião de pastores e padres que usam e abusam do poder religioso que tem para se enriquecer, curtir vida luxuosa, enquanto vira as costas para o povo injustiçado.

Seja por ignorância, por mediocridade ou por propósitos não confessados, o que acontece atualmente em muitas igrejas é um descarado comércio, ou seja, uso e abuso do nome de Deus, invocado em vão, e a citação de versículos da Bíblia retirados dos seus contextos para justificar posturas discriminatórias, moralistas, absurdas e cumprir um objetivo não confessado, que é ajuntar e acumular cada vez mais dízimo, ofertas, muitas vezes induzindo “viúvas e órfãos” a doar o pouco que tem em busca de bênção, cura e conforto. É cretinice alardear “Deus acima de tudo”, mas fomentar o armamentismo, a devastação ambiental, a perseguição aos povos indígenas, quilombolas, LGBTQIA+, reforçar a cultura machista e patriarcal e amputar cada vez mais o braço social do Estado. Dizer de forma abstrata que é “contra o aborto” e na prática amputar direitos trabalhistas, previdenciários, retirar dinheiro do SUS[2] e da farmácia popular é na prática “abortar” milhões de famílias empurrando-as para a fome, a doença e a morte lenta.

O Estado Brasileiro é laico, pois a Constituição Federal de 1988 garante a liberdade religiosa, mas isso não pode recair em libertinagem religiosa, que é usar em vão o nome de Deus para projetos de poder. Abuso de poder econômico e político já são considerados crimes eleitorais que levam à cassação da candidatura ou do/a candidato/a eleito/a. O abuso do nome de Deus e da fé das pessoas também precisa ser considerado crime eleitoral e levar à cassação do/a candidato/a ou do eleito/a que se aproveitou da dimensão de fé das pessoas iludindo-as. Procure saber se aos pastores e líderes religiosos candidatos/as doam a vida na defesa do povo empobrecido ou se eles/elas se servem da fé das pessoas humildes? O que eles/elas estão fazendo para superar a fome de 33 milhões de brasileiros? Eles/elas apoiam as teses do Bolsonaro? E não esqueçam de observar em quais partidos estão filiados. Se estão filiados em partidos do centrão, da direita ou de extrema direita (PL, PSC, União, Patriota, Republicanos, PP, PROS, AVANTE, NOVO, PODEMOS, DEM, PSL, PTB, PMDB etc.), não vote neles, pois com certeza são lobos em peles de ovelhas: representam os interesses das grandes empresas e do grande capital.

A palavra/princípio básico do Decálogo Bíblico é: “Não matarás!” (Êxodo 20,3). Não merece o voto de uma pessoa que busca ser humana - respeitosa, justa e solidária - m candidato que faz propaganda, fazendo alusão ao uso de armas e coloca um fuzil nas mãos de uma criança, dizendo que é melhor do que feijão, de fato, pisoteia na fina flor da Bíblia que nos exorta a construirmos uma sociedade com Justiça e Paz, com vida em abundância para todos/as (Jo 10,10). As pessoas cristãs, sejam católicas ou evangélicas, não devem votar em candidatos que seguem a idolatria do dinheiro, nem seguir os pastores empresários da fé, que são traidores do Evangelho de Jesus Cristo, que viveu ensinando e testemunhando que ético é viver se doando aos outros na luta pelo bem comum e pela construção do reino de Deus a partir do aqui e do agora, o que passa necessariamente pela construção de condições objetivas que garantam vida e liberdade para todos e todas, sem discriminação. Voto tem consequência. Vote em candidatos de partidos da esquerda, pois a esquerda não é perfeita, mas é mil vezes melhor para o povo e para o meio ambiente do que a direita, que defende via de regra o status quo opressor. Vote em quem está comprometido com a luta por direitos humanos fundamentais – lutas por terra, moradia, preservação ambiental, agricultura familiar, agroecologia, saúde e educação pública etc.. Priorize eleger mulheres de luta pelo bem comum, negros que lutam pela superação do racismo e indígenas que estão comprometidos com as lutas pelo resgate dos territórios indígenas e pela abolição da famigerada tese do marco temporal.

21/09/2022 

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Ato Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra golpistas/opressores

2 - Carta da Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay

3 - A Democracia funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander - 12/4/2021

4 - Vote pela democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte - 11/11/2020

5 - Luta contra mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na TVC-BH

6 - 27º Grito dos Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro! 07/09/2021

7 - Fernando Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São Félix/MT agora

8 - 5ª Romaria das Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei Gilvander

9 - Milhares no 28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de direitos, já!"



[1] Padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica (SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

[2] Sistema Único de Saúde.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Lutar por direitos é o caminho. Por Frei Gilvander

 Lutar por direitos é o caminho. Por Frei Gilvander Moreira[1]

Ao cursar Filosofia na Universidade Federal do Paraná, aprendi que não há democracia perfeita, mas democracia é o melhor regime para garantir convivência social e relações sociais justas com equidade. São antidemocráticos os seguintes sistemas de governo: Monarquia (governo de um), aristocracia (organização sociopolítica dos nobres que, por herança, detêm o poder) e plutocracia (Governo dos enriquecidos e abastados). No entanto, democracia é um processo que exige construção diária. Temos que defender e exercitar a democracia cotidianamente. Como?

Temos que defender a construção de democracia real, social, participativa, direta e econômica todos os dias em todos os cantos e recantos do país, resgatando o Trabalho de Base, em Grupos de Reflexão e de luta, unindo as pessoas das classes trabalhadora e camponesa para que unidos/as e organizados/as lutemos por todos os direitos socioambientais que incluem lutar por Justiça Agrária, Justiça Urbana, Justiça Ambiental, Justiça Social e pela superação de todas as discriminações, preconceitos e violações de direitos humanos fundamentais. Temos que fazer Atos Públicos, Marchas, Romarias da Terra e das Águas, reuniões, debates, Assembleias, greve de fome, ocupações de terra e de prédios abandonados, lutas concretas por direitos e também divulgar as lutas por direitos nas redes digitais até conquistarmos a revogação de todas as leis, decretos e normas que têm amputado e cortado direitos trabalhistas, previdenciários, sociais e ambientais. Revogar as Reformas da Previdência e Trabalhistas, já! Anular a Emenda Constitucional 95, a que congelou os investimentos em saúde e educação pública por 20 anos. Quanto mais se enfraquece o SUS[2], mais se gera lucro para os empresários dos Planos de Saúde e dos hospitais particulares. Saúde e educação são bens comuns e não podem ser tratados como mercadoria. Temos que seguir lutando pela realização das Reformas Agrária e Urbana, demarcação de todos os territórios dos Povos Indígenas, dos Quilombolas e de todos os outros Povos e Comunidades Tradicionais. Mudar a política econômica do país, o que passa por fazer Auditoria da Dívida Pública e parar de destinar cerca de 40% do orçamento do país para banqueiros como amortização desta Dívida que já foi paga muitas vezes, conforme demonstra a Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Enfim, temos que frear o progresso e o desenvolvimento econômico capitalista que tem sido apenas para acionistas ricaços e grandes multinacionais e causado uma brutal devastação socioambiental, fome e miséria para o povo. Nosso objetivo deve ser preservar ao máximo o meio ambiente, superar a minério-dependência e o agronegócio e reconquistarmos Políticas Públicas para a Agricultura Familiar Agroecológica e o fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas, fortalecendo, assim, a economia popular solidária e a diversificação econômica em todas as regiões do país. Temos que organizar o povo para fazermos lutas para colocarmos o Estado Brasileiro para servir ao povo e não ao grande capital, como tem sido.  Fundamental que o Brasil siga os acordos climáticos internacionais, se comprometendo, de fato, em investir em projetos de baixo carbono, recuperar as coberturas vegetais e as nascentes, respeitando a biodiversidade dos diferentes biomas e, principalmente, valorizar os saberes e os territórios dos Povos Tradicionais e ancestrais. Somente respeitando a Mãe-Terra e os profundos saberes dos Povos Originários teremos condições de construir uma sociedade justa, solidária, sustentável ecologicamente com respeito e admiração pela exuberante diversidade cultural e religiosa que temos.

Qual o papel de mobilizações como o Grito dos Excluídos na luta pela democracia? É fundamental o Grito dos Excluídos e Excluídas, que em 7 de setembro de 2022, em sua 28ª edição em 2022, clamou por “Vida em Primeiro Lugar” com o tema: “Brasil: 200 anos de (in)dependência, para quem?” De fato, “independência” para a classe empresarial enriquecida, mas para as classes trabalhadora e camponesa tem sido dependência, neocolonialismo e superexploração da dignidade humana e do meio ambiente de forma brutal. As mobilizações do Grito dos/as Excluídos/as e todas as mobilizações que unem o povo, organiza e realiza lutas concretas por direitos são vitais e necessárias, pois a história demonstra que tudo o que ainda existe de direitos humanos é fruto de muita luta popular. Direitos se conquistam com lutas coletivas e populares, de cabeça erguida, muito amor, utopia no olhar. Esperar que os de cima (opressores) vão resolver as injustiças sociais é ilusão. Em Belo Horizonte, MG, por exemplo, nos últimos 14 anos de lutas concretas por moradia ocupando terrenos e prédios abandonados, o povo injustiçado, em mais de 130 ocupações, construiu mais de 35 mil casas, libertando cerca de 120 mil pessoas da pesadíssima cruz do aluguel ou da humilhação que é sobreviver de favor ou nas ruas. “Com luta e com garra a casa sai na marra” e todos os direitos humanos, sociais e ambientais. Nas lutas coletivas podemos muito mais que imaginamos. Porém, sem mobilização e sem lutas concretas processuais, só perdemos direitos e morremos aos poucos.

Portanto, lutemos de cabeça erguida, reunindo os injustiçados/as. Eis o caminho libertador.

13/09/2022

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Ato Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra golpistas/opressores

2 - Carta da Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay

3 - A Democracia funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander - 12/4/2021

4 - Vote pela democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte - 11/11/2020

5 - Luta contra mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na TVC-BH

6 - 27º Grito dos Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro! 07/09/2021

7 - Fernando Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São Félix/MT agora

8 - 5ª Romaria das Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei Gilvander

9 - Milhares no 28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de direitos, já!"



[1] Padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica (SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

[2] Sistema Único de Saúde.