quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Acumulam capital destruindo vidas


Acumulam capital destruindo vidas
Por Gilvander Moreira[1]

O touro de Wall Street é um obra crítica que simboliza um mercado financeiro pujante. (Banter Snaps/ Unsplash)
 
A realidade dramática causada pela implantação da barragem e hidrelétrica de Itapebi no Rio Jequitinhonha, no município de Salto da Divisa, na região do Baixo Jequitinhonha, MG, e em todos os grandes projetos de interesse do capital, nos recorda Marshall Berman, no livro Tudo o que é sólido se desmancha no ar, quando o personagem Fausto, após passar pela primeira metamorfose, que o ensinou a viver e a sonhar, pela segunda metamorfose, que o ensinou a amar, já na sua terceira metamorfose, ele aprendeu a construir e a destruir. E, assim, Fausto planeja “esboçar grandes projetos de recuperação para atrelar o mar a propósitos humanos: portos e canais feitos pela mão do homem, onde se movem embarcações repletas de homens e mercadorias; represas para irrigação em larga escala; verdes campos e florestas, pastagens e jardins, uma vasta e intensa agricultura; energia hidráulica para animar e sustentar as indústrias emergentes; pujantes instalações, novas cidades e vilas por construir” (BERMAN, 2007, p. 79).
Interessa a Fausto, acima de tudo, desenvolver-se economicamente, acumular capital. Para isso ele fez um esforço hercúleo e se transformou em um contumaz destruidor e criador. “Os projetos de Fausto vão exigir não apenas um imenso capital, mas o controle sobre vastas extensões territoriais e um grande número de pessoas” (BERMAN, 2007, p. 79). Fausto recebeu “ilimitados direitos de desenvolver toda a região costeira, incluindo carta branca para explorar quaisquer trabalhadores de que necessitem e livrar-se de quaisquer nativos que encontrem no caminho” (BERMAN, 2007, p. 80). Fausto “exorta seus capatazes e inspetores, guiados por Mefisto, a ‘usar todos os meios disponíveis / Para engajar multidões e multidões de trabalhadores. / Incitem-nos com recompensas, ou, sejam severos, / Paguem-nos bem, seduzam ou reprimam!’” (BERMAN, 2007, p. 81). Ele “está convencido de que são as pessoas comuns, a massa de trabalhadores e sofredores, que obterão o máximo benefício dessa obra gigantesca” (BERMAN, 2007, p. 82), mas no caminho dos projetos de crescimento econômico de Fausto está um casal de camponeses idosos que resistem para existirem como posseiros a longa data em uma pequena propriedade. “Filemo e Báucia, um velho e simpático casal que aí está há tempo sem conta. Eles têm um pequeno chalé sobre as dunas, uma capela com um pequeno sino, um jardim repleto de tílias e oferecem hospitalidade a marinheiros náufragos e sonhadores. Com o passar dos anos, tornaram-se bem-amados como a única fonte de vida e alegria nessa terra desolada” (BERMAN, 2007, p. 84).
Filemo e Báucia, um casal generoso, humilde, inocente e resignado, mas “são pessoas que estão no caminho – no caminho da história, do progresso, do desenvolvimento: pessoas que são classificadas, e descartadas, como obsoletas” (BERMAN, 2007, p. 85). Mas Fausto “se torna obcecado com o velho casal e sua pequena porção de terra: “Esse casal de velhos devia ter-se afastado, / Eu quero tílias sob meu controle, / Pois essas poucas árvores que me são negadas / comprometem minha propriedade como um todo. / [...] Por isso nossa alma se debruça sobre a cerca, / para sentir em meio à plenitude, o que nos falta” (11 239-52). Eles precisam ser afastados para dar lugar àquilo que Fausto passa a ver como a culminação do seu trabalho: uma torre de observação, do alto da qual ele e os seus possam “contemplar a distância até o infinito”, soberanos sobre o novo mundo que construíram (Cf. BERMAN, 2007, p. 85).
Fausto oferece dinheiro ou outra pequena propriedade, mas ao casal idoso não interessa dinheiro. Aceitar mudar seria como arrancar um pé de bananeira do campo e tentar plantá-lo no asfalto. Morte na certa. O casal teima e resiste, não aceita sair da terrinha. Assim, Fausto convoca Melisto e seus “homens fortes” e ordena-lhes “que tirem o casal de velhos do caminho. Ele não deseja vê-lo, nem quer saber dos detalhes da coisa. Só o que lhe interessa é o resultado final: quer que o terreno esteja livre na manhã seguinte, para que o novo projeto seja iniciado. Isso é um estilo de maldade caracteristicamente moderno: indireto, impessoal, mediado por complexas organizações e funções institucionais. Mefisto e sua unidade especial retornam “na calada da noite” com a boa notícia de que tudo estava resolvido. Fausto, de repente preocupado, pergunta para onde foi removido o velho casal — e vem a saber que a casa foi incendiada e eles foram mortos. Fausto se sente pasmo e ultrajado, tal como se sentira diante de Gretchen. Protesta dizendo que não ordenara violência; chama Mefisto de monstro e manda-o embora. O príncipe das trevas se vai, elegantemente, como cavalheiro que é; porém ri antes de sair. Fausto vinha fingindo não só para outros, mas para si mesmo, que podia criar um novo mundo com mãos limpas; ele ainda não está preparado para aceitar a responsabilidade sobre a morte e o sofrimento humano que abrem o caminho. Primeiro, firmou contrato com o trabalho sujo do desenvolvimento; agora lava as mãos e condena o executante da tarefa, tão logo esta é cumprida. É como se o processo de desenvolvimento, ainda quando transforma a terra vazia num deslumbrante espaço físico e social, recriasse a terra vazia no coração do próprio fomentador. É assim que funciona a tragédia do desenvolvimento” (BERMAN, 2007, p. 85-86) (grifo nosso).
Esse Fausto de Marshall Berman representa todos os donos de grandes empresas, seus executivos e acionistas que, à distância, planejam e implementam megaprojetos que visam a acumulação de capital, mas preferem não ver o sangue de tantas vidas ceifadas em nome do ídolo mercado.

Belo Horizonte, MG, 03/9/2019.

Referência.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - Atingidos pela barragem de Itapebi em Salto da Divisa, MG: Irmã Geraldinha. 12/08/14



2 - Promotor do MP/MG, de Jacinto, MG: compromisso com os atingidos pela Barragem de Itapebi. 08/06/16



3 - Pescadores de Salto da Divisa, MG, exigem seus direitos pisados por empresas e barragem. 08/06 /16



4 - Vazanteiros de Salto da Divisa, MG, lutam pelos seus direitos pisados pela barragem. 08/06/16



5 - Pedreiros de Salto da Divisa, MG, lutam pelos seus direitos pisados pela barragem. 08/06/16



6 - Em Salto da Divisa, MG, casas desabando pela barragem de Itapebi e extratores pisados. 08/06/16



7 - Lavadeiras de Salto da Divisa, MG, exigem seus direitos pisados pela Itapebi com barragem. 08/06/16






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre em Ciências Bíblicas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A empresa GRUNTEC soltará nuvem de fumaça tóxica em Contagem, MG, até qu...



A empresa GRUNTEC soltará nuvem de fumaça tóxica em Contagem, MG, até quando? 02/9/2019.

Dia 22/8/2019, frei Gilvander Moreira, a convite de moradores do Bairro Kenedy, visitou o local onde a empresa GRUNTEC está há quase 3 anos incinerando lixo hospitalar dentro de um bairro altamente povoado, distante apenas 700 metros do CEASA/MG e, assim, está com uma chaminé exalando fumaça tóxica com dioxinas – substância cancerígena – para o povo de vários bairros de Contagem, MG. Um absurdo! Como é que pode o poder público municipal e estadual – executivo, legislativo e judiciário – deixar uma empresa submeter uma grande população a um inferno deste. Ouvimos lá depoimentos de cortar coração. Em nome do respeito à dignidade humana, princípio constitucional básico, exigimos de todas as autoridades a proibição do funcionamento de uma empresa assim que, mais do que auferir lucro, está adoecendo a conta-gotas o povo. Em respeito também ao artigo 225 da Constituição Federal que garante um meio ambiente saudável. Isso é dever do Estado garantir.
Quatro dias após, dia 26/8/2019, o sr. Olavo Alves Cordeiro, pai do Olavo Cordeiro, faleceu no hospital. Certamente as complicações pulmonares pioraram devido à fumaça tóxica exalada da chaminé da empresa Gruntec. E dia 30/8/2019 foi gravado o vídeo que mostra de forma evidente o exagero de fumaça tóxica exalando da chaminé da empresa GRUNTEC, um crime socioambiental imenso.

Empresa GRUNTEC, de incineração de lixo hospitalar, causando um nuvem de fumaça tóxica no Bairro Kenedy e adjacências, em Contagem, MG, dia 30/8/2019. Foto: Olavo Cordeiro.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Filmagem e edição amadora de frei Gilvander. Contagem, MG, 02/9/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, em Córrego Danta, MG: luta pela t...




Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, em Córrego Danta, MG: 60 famílias Sem Terra na luta pela terra. 16/8/2019 – Vídeo 1.

Dia 16/8/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), visitou o Acampamento Nova Esperança 2, do MTC (Movimento dos Trabalhadores Camponeses), no município de Córrego Danta, na região centro-oeste de Minas Gerais, ao lado da BR 262 que liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Lá, 60 famílias há 2 anos e 3 meses ocupam uma fazenda que estava abandonada, sem cumprir sua função social. As famílias estão convivendo em fraternidade e produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Além de cultivar a terra, produzem também galinha, frango, porcos etc. Luta justa e necessária que conta com o apoio da CPT em MG.

Eloísa, do MTC, no Acampamento Nova Esperança 2, em Córrego Danta, MG: 60 famílias na luta pela terra. Foto: frei Gilvander

Filmagem e edição amadora de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Córrego Danta, MG, 16 de agosto de 2019. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

sábado, 31 de agosto de 2019

14º Encontro das CEBs de Taiobeiras, norte de Minas Gerais - 28/7/2019.



14º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Taiobeiras, norte de Minas Gerais - 28/7/2019.

As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são na igreja e na sociedade sinal de fé cristã e libertação. Na sua caminhada profética e missionária, as CEBs defendem vida digna para todos/as, justiça e direitos iguais. Que o acesso à terra, à água, ao alimento, à saúde e à educação de qualidade seja para todos/as. Assim como o direito de ir e vir, trabalhar e se divertir, direito de conviver com a família, comunidade e sociedade. Inspiradas pela palavra que convoca para o compromisso cristão e chamadas a ser igreja em saída, as CEBs da Paróquia São Sebastião de Taiobeiras realizaram dia 28 de julho de 2019, o 14º Encontrão com o tema: “CEBs e Políticas Públicas – Vida e Dignidade no Campo e na Cidade”. Participaram mais de 400 pessoas vindas das Comunidades Eclesiais de Base de Taiobeiras, Indaiabira, Salinas, São João do Paraíso, Novo Horizonte e Rio Pardo de Minas. Foram celebrados os 30 anos de caminhada das CEBs do município de Taiobeiras, no norte de Minas Gerais, na Arquidiocese de Montes Claros. Foram recordadas a vida e a história das comunidades e de tantas pessoas que participaram da construção desta história ao longo dos últimos 30 anos. Foi celebrado também o dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural. Mulheres e Homens incansáveis, que, com carinho, cultivam a terra e produzem o alimento para o sustento das famílias do campo e da cidade. O encontro teve inicio na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Taiobeiras e, em seguida, o povo seguiu em marcha pelos bairros Nossa senhora de Fátima e Santos Cruzeiro até o Centro de Formação São Sebastião, onde teve continuidade o 14º Encontrão das CEBs. O encontro contou com a assessoria de de Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional dos Leigos do Brasil; do frei Gilvander Luís Moreira, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT); e do Artista Popular Sebastião Estevão, o Farinhada. Estiveram presentes as Irmãs religiosas da Paróquia de Taiobeiras e da Paróquia Santo Antônio, de Salinas, também representantes do movimento sindical, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Geraizeiro, Escola Família Agrícola (EFA) Nova Esperança, associações e mandatos populares. Foi um marcante momento de celebração, formação e animação com apresentações culturais envolvendo os jovens e o grupo cultural “As Mineirinhas”, inclusive. O encontro teve o encerramento marcado pela celebração participativa da Eucaristia com muita animação com entrada dos vagões do Trem das CEBs, bandeiras de todas as comunidades, os bolos como oferta, fruto do trabalho e da mãe terra e a imagem da mãe Aparecida que inspira, protege e impulsiona seus filhos e filhas para a luta em defesa dos empobrecidos – os preferidos do Deus da vida -, cumprindo a profecia do Magnificat: “Ele agiu com a força de seu braço, dispersou os arrogantes de coração; derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada” (Lc1,51-53). Durante o Encontro foi homenageado o Padre Ernesto de Freitas Barcelos.

14o Encontrão de CEBs em Taiobeiras, MG, dia 28/7/2019. Foto: Divulgação / www.cebsdeminas.com.br

Filmagem e imagens: Josimar Ramos Almeida e Nilson Marruaz.
Edição: Josimar Ramos Almeida. Apoio e divulgação: Frei Gilvander Moreira, das CPT, das CEBs e do CEBI. Taiobeiras, MG, 28/7/2019.
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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

APAC de Lagoa da Prata, MG: Recuperando vidas e a natureza (Rio São Fran...



APAC de Lagoa da Prata, MG: Recuperando vidas, a natureza e o Rio São Francisco – Vídeo 5 – 12/9/2018.

Por ocasião da realização das missões da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, em 2018, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), durante dois dias, visitou a APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (e às suas famílias e às vítimas e/ou suas famílias), que há 11 anos foi implantada na cidade. O objetivo da APAC é promover a humanização dos condenados que devem cumprir penas nas prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar e se ressocializar após o cumprimento da pena. O trabalho da APAC dispõe de um método de valorização humana, vinculada à espiritualidade, para oferecer ao condenado condições de recuperar-se, buscando em perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, o socorro às vítimas e a promoção da justiça restaurativa. Na APAC os presos são chamados de recuperandos e são corresponsáveis por sua recuperação. A presença de voluntários é fundamental oferecendo aos recuperandos a assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica. Na APAC, os recuperandos são tratados com respeito. Com uma disciplina necessária, a APAC conta com um conselho formado por recuperandos que contribui decisivamente para a ordem, o respeito e o seguimento das normas e regras. Para isso, contam com o suporte de voluntários/as e funcionários/as, sem o concurso de policiais ou agentes penitenciários. A APAC conta com uma rotina diária que inicia às 6 horas da manhã e termina às 10 horas da noite. Durante o dia todos trabalham, estudam e se profissionalizam, evitando a todo custo a ociosidade. Na APAC as famílias são respeitadas e coparticipes da recuperação. Por meio de encontros formativos, celebrações e visitas aos lares, a APAC tenta, a todo custo, reatar os laços entre recuperandos e seus entes. A APAC recupera também a família de quem cumpre pena. Na APAC a espiritualidade é ecumênica. Cada recuperando é incentivado a assumir a fé que professa, de forma que possa fazer um encontro profundo com o Deus da Vida. O respeito à religião do outro é fundamental e orienta a espiritualidade apaqueana. Enfim, na APAC o cumprimento de pena é individualizado. Por isso as APACs são pequenas unidades, construídas nas próprias comunidades onde os recuperandos cumprem sua pena. São unidades idealizadas para receber no máximo 200 recuperandos. Um presídio que aplica a metodologia APAC é infinitamente mais vantajoso para o Estado, visto que um preso na APAC custa um terço do valor gasto no sistema prisional comum. Além disso, a construção de uma APAC é muito mais barata que a construção de um presídio grande que, quando superlotado, violenta os direitos humanos dos presos. Os resultados positivos tais como baixo índice de reincidência, baixo custo, ausência de violência e rebeliões e poucas fugas têm contribuído para que a metodologia APAC seja conhecida e aplicada. Nesse vídeo, a 5ª parte da reportagem em vídeo que frei Gilvander fez em sua visita à APAC de Lagoa da Prata, no centro-oeste de Minas Gerais, na Diocese de Luz.

Foto: frei Gilvander


*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Lagoa da Prata, 12 de setembro de 2018.
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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

APAC/Lagoa da Prata/MG - "APAC cumpre a lei de execução penal. A mudança...



APAC de Lagoa da Prata, MG – "APAC cumpre a lei de execução penal. A mudança vem com amor." (Lorena) – Vídeo 4 – 12/9/2018.

Por ocasião da realização das missões da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, em 2018, frei Gilvander Moreira visitou a APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (e às suas famílias e às vítimas e/ou suas famílias), que há 11 anos foi implantada na cidade. O objetivo da APAC é promover a humanização dos condenados que devem cumprir penas nas prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar e se ressocializar após o cumprimento da pena. O trabalho da APAC dispõe de um método de valorização humana, vinculada à espiritualidade, para oferecer ao condenado condições de recuperar-se, buscando em perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, o socorro às vítimas e a promoção da justiça restaurativa. Na APAC os presos são chamados de recuperandos e são corresponsáveis por sua recuperação. A presença de voluntários é fundamental oferecendo aos recuperandos a assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica. Na APAC, os recuperandos são tratados com respeito. Com uma disciplina necessária, a APAC conta com um conselho formado por recuperandos que contribui decisivamente para a ordem, o respeito e o seguimento das normas e regras. Para isso, contam com o suporte de voluntários/as e funcionários/as, sem o concurso de policiais ou agentes penitenciários. A APAC conta com uma rotina diária que inicia às 6 horas da manhã e termina às 10 horas da noite. Durante o dia todos trabalham, estudam e se profissionalizam, evitando a todo custo a ociosidade. Na APAC as famílias são respeitadas e coparticipes da recuperação. Por meio de encontros formativos, celebrações e visitas aos lares, a APAC tenta, a todo custo, reatar os laços entre recuperandos e seus entes. A APAC recupera também a família de quem cumpre pena. Na APAC a espiritualidade é ecumênica. Cada recuperando é incentivado a assumir a fé que professa, de forma que possa fazer um encontro profundo com o Deus da Vida. O respeito à religião do outro é fundamental e orienta a espiritualidade apaqueana. Enfim, na APAC o cumprimento de pena é individualizado. Por isso as APACs são pequenas unidades, construídas nas próprias comunidades onde os recuperandos cumprem sua pena. São unidades idealizadas para receber no máximo 200 recuperandos. Um presídio que aplica a metodologia APAC é infinitamente mais vantajoso para o Estado, visto que um preso na APAC custa um terço do valor gasto no sistema prisional comum. Além disso, a construção de uma APAC é muito mais barata que a construção de um presídio grande que, quando superlotado, violenta os direitos humanos dos presos. Os resultados positivos tais como baixo índice de reincidência, baixo custo, ausência de violência e rebeliões e poucas fugas têm contribuído para que a metodologia APAC seja conhecida e aplicada. Nesse vídeo, a 4ª parte da reportagem em vídeo que frei Gilvander fez em sua visita à APAC de Lagoa da Prata, no centro-oeste de Minas Gerais.

Lorena, advogada na APAC de Lagoa da Prata, MG. Foto: frei Gilvander
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Lagoa da Prata, 12 de setembro de 2018.
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APAC de Lagoa da Prata, MG/Dados Estatísticos, desde novembro/2015/Vídeo...



APAC de Lagoa da Prata, MG: Dados Estatísticos, desde novembro/2015 - Vídeo 3 - 12/9/2018.

Por ocasião da realização das missões da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, em 2018, frei Gilvander Moreira visitou a APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados - (e às suas famílias e às vítimas e/ou suas famílias), que há 11 anos foi implantada na cidade. O objetivo da APAC é promover a humanização dos condenados que devem cumprir penas nas prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar e se ressocializar após o cumprimento da pena. O trabalho da APAC dispõe de um método de valorização humana, vinculada à espiritualidade, para oferecer ao condenado condições de recuperar-se, buscando em perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, o socorro às vítimas e a promoção da justiça restaurativa. Na APAC, os presos são chamados de recuperandos e são corresponsáveis por sua recuperação. A presença de voluntários é fundamental oferecendo aos recuperandos a assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica. Na APAC, os recuperandos são tratados com respeito. Com uma disciplina necessária, a APAC conta com um conselho formado por recuperandos que contribui decisivamente para a ordem, o respeito e o seguimento das normas e regras. Para isso, contam com o suporte de voluntários/as e funcionários/as, sem o concurso de policiais ou agentes penitenciários. A APAC conta com uma rotina diária que inicia às 6 horas da manhã e termina às 10 horas da noite. Durante o dia todos trabalham, estudam e se profissionalizam, evitando a todo custo a ociosidade. Na APAC as famílias são respeitadas e coparticipes da recuperação. Por meio de encontros formativos, celebrações e visitas aos lares, a APAC tenta, a todo custo, reatar os laços entre recuperandos e seus entes. A APAC recupera também a família de quem cumpre pena. Na APAC a espiritualidade é ecumênica. Cada recuperando é incentivado a assumir a fé que professa, de forma que possa fazer um encontro profundo com o Deus da Vida. O respeito à religião do outro é fundamental e orienta a espiritualidade apaqueana. Enfim, na APAC o cumprimento de pena é individualizado. Por isso as APACs são pequenas unidades, construídas nas próprias comunidades onde os recuperandos cumprem sua pena. São unidades idealizadas para receber no máximo 200 recuperandos. Um presídio que aplica a metodologia APAC é infinitamente mais vantajoso para o Estado, visto que um preso na APAC custa um terço do valor gasto no sistema prisional comum. Além disso, a construção de uma APAC é muito mais barata que a construção de um presídio grande que, quando superlotado, violenta os direitos humanos dos presos. Os resultados positivos tais como baixo índice de reincidência, baixo custo, ausência de violência e rebeliões e poucas fugas têm contribuído para que a metodologia APAC seja conhecida e aplicada. Nesse vídeo, a 3ª parte da reportagem em vídeo que frei Gilvander fez em sua visita à APAC de Lagoa da Prata, no centro-oeste de Minas Gerais.

Funcionário da APAC de Lagoa da Prata, MG; Dr. Mário, fundador da APAC e outro advogado assassinado na defesa dos Direitos Humanos dos presos. Foto: frei Gilvander
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Lagoa da Prata, 12 de setembro de 2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.