quarta-feira, 24 de outubro de 2018

"O perigo do mergulho no banho de sangue:" Padre Manoel Godoy/Palavra Ét...



"O perigo do mergulho em um banho de sangue, e com o voto de “cristãos”", alerta Padre Manoel Godoy no Palavra Ética da TVC/BH - Vídeo 3. 11/10/2018.

Em entrevista a frei Gilvander, no Programa Palavra Ética da TVC/BH, no dia 11/10/2018, que abordou a questão religiosa que envolve a eleição presidencial no Brasil, Padre Manoel Godoy falou sobre a incoerência e as contradições de muitas pessoas que se dizem cristãs ao escolher seu voto, uma vez que essa escolha nada tem a ver com o Evangelho de Jesus Cristo. Enquanto esses ditos “cristãos” apoiam quem exalta a tortura e os torturadores, age com preconceito e discriminação, Jesus de Nazaré teve todos seus ensinamentos e sua prática voltados para a paz como fruto do amor, para a defesa da dignidade humana, para o serviço aos injustiçados e excluídos da sociedade e nos deixou como maior mandamento, o Amor ao próximo! Nesse vídeo, Padre Manoel Godoy fala especificamente da violência pregada e disseminada por um candidato, em total oposição aos ensinamentos de Cristo, e alerta sobre o perigo de o país mergulhar em um “banho de sangue”, se esse candidato for eleito.


* Vídeo original completo: Canal TVC BH – Youtube. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 11/10/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Votar na Democracia ou na Ditadura?



Votar na Democracia ou na Ditadura?

Por Gilvander Moreira[1]

“Felizes os que constroem a paz, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5,9), bradou Jesus Cristo no Discurso da Montanha, na palestina, colônia com povo escravizado e explorado pelo Imperialismo Romano. Dia 28 de outubro de 2018, no segundo turno da Eleição para presidente do Brasil, as eleitoras e os eleitores não votarão apenas em Fernando Haddad ou em Jair Bolsonaro, ou anularão ou farão abstenção, mas votarão, principalmente, pelo fortalecimento da nossa enfraquecida Democracia ou assinarão “um cheque em branco” para reingressar o Brasil em outra Ditadura. Óbvio que o Partido dos Trabalhadores (PT) cometeu vários erros e praticou contradições, mas também é inegável que a corrupção não iniciou com o PT – há 518 anos há opressão e corrupção no nosso querido Brasil – e que sob o ponto de vista social, os 13 anos de governo do PT trouxeram ganhos de direitos sociais para o povo brasileiro. Estamos em uma sociedade capitalista, na qual a classe dominante sempre insiste em reproduzir e ampliar a desigualdade social. Quanto mais desigualdade social maior será a violência social. Reprimir essa violência, sem superar suas causas, e aumentar a desigualdade social só faz crescer a injustiça social. Como uma cortina de fumaça, a ideologia dominante – as ideias da classe dominante – e as fake News (notícias falsas) estão embaçando a vista de milhões de pessoas que, mesmo sendo oprimidas e exploradas, estão sendo seduzidas a votar em quem vai governar contra elas. A privatização da fé cristã, dentro e fora da Igreja Católica, com Teologia da Prosperidade, espiritualidades intimistas e moralismos também tem causado um divórcio entre o ensinamento de Jesus Cristo e a prática de muita gente que se diz cristã. Bolsonaro defende torturadores e a tortura, diz que vai liberar o comércio de armas e diminuir a idade penal. Enfim, ele pensa que com repressão resolverá violência social e desigualdade econômico-social. Lego engano. Por outro lado, Fernando Haddad apresenta um programa de governo com “um lápis em uma mão e a carteira de trabalho assinada em outra” e com políticas sociais de inclusão. No entanto, Haddad sofre com o antipetismo disseminado no tecido social.
Neste cenário gravíssimo, convém puxar à memória um pouco do que aconteceu na Ditadura militar-civil-empresarial de 1964 no Brasil. Os capitalistas, abocanhando a terra em propriedade privada capitalista, promoveram a mecanização da agricultura, desde a época da ditadura militar-civil-empresarial de 1964 e, assim, realizaram o que muitos chamaram de ‘revolução verde’, em contraposição ao projeto de sociedade que incluía fazer as reformas de base: reformas agrária, urbana, da educação, tributária e política. Sob o fomento do governo federal, os capitalistas da cidade levaram todo o arsenal industrial de máquinas com pacotes químicos para a produção agropecuária. Assim, “ensejou um modelo agrário/agrícola que mereceu a fina caracterização de “uma agricultura sem agricultores”, produzindo “muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra ao concentrar muita terra em poucas mãos” (PORTO-GONÇALVES; CUIN; LEAL; NUNES SILVA, 2015, p. 90). Na época da ditadura, “entre 1967/1978, os latifúndios no Brasil ampliaram sua área em 69,9 milhões de hectares. Foi o período da denominada modernização da agricultura da ditadura militar de 1964, que trouxe consigo o crescimento da concentração fundiária nas grandes propriedades latifundistas” (OLIVEIRA, 2015, p. 30).
A ditadura militar-civil-empresarial de 1964 fomentou também a repressão e o assassinato de lideranças camponesas, conforme demonstra um integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV). “A ditadura ‘terceirizou’ mortes e desaparecimentos forçados de pelo menos 1.196 camponeses e apoiadores, com financiamento do latifúndio. O Estado se omitiu, acobertou e terceirizou a repressão política e social no campo, executada por jagunços, pistoleiros, capangas e capatazes a serviço de alguns fazendeiros, madeireiros, empresas rurais, grileiros e senhores de engenhos, castanhais e seringais” (GILNEY VIANA, ex-coordenador do Projeto Memória e Verdade da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República).[2]
Durante o século XX, várias ditaduras militares foram fomentadoras de injustiça agrária em vários países da América AfroLatÍndia. A Guatemala, por exemplo, esteve sob as botas dos militares, em ditadura militar, de 1954 até 1996. Durante as quase quatro décadas de chumbo, 40 mil pessoas foram assassinadas pela Ditadura militar na Guatemala. Na Guatemala, de 24 a 29 de novembro de 2004, participando do VII Congresso Missionário Latino-Americano e II Congresso Americano Missionário, pudemos sentir e perceber que o povo guatemalteco ainda está profundamente ferido pela opressão e repressão da ditadura militar. Uma advogada chorou muito, enquanto me dizia: “Há profundas feridas em nosso povo. Sofremos a mais cruel das ditaduras da América Latina. Enquanto eu estudava na Universidade, diversas vezes ficamos sitiados sem poder sair, pois o exército cercava a universidade para pegar os ‘subversivos’. Um dia, nos despedimos de um professor, às 18 horas. Ao chegar em minha casa, às 20 horas, eu soube que aquele professor, competente e profundamente humano, tinha sido assassinado. Isso corta nosso coração de dor. Ainda hoje é arriscado denunciar, pois podemos ser perseguidos. Graças a Deus, está aumentando a pressão internacional reforçando nossa luta pelos Direitos Humanos e Sociais” (Depoimento de uma advogada guatemalteca, durante o VII Congresso Missionário Latino-americano, dia 25/11/2004 na cidade da Guatemala).
Assustador também é que entre as propostas capitalistas de Jair Bolsonaro está acabar com o Ministério do Meio Ambiente e com a fiscalização feita por fiscais do IBAMA, do ICBbio e do Ministério do Trabalho. Isso, segundo ele, “para não incomodar o (grande) produtor”, ou seja: latifundiários e empresários do agronegócio estarão completamente liberados para aprofundar a devastação ambiental e o envenenamento da terra, da água, do ar e dos alimentos. Isso é proposta de exterminador do futuro. Necessário o alerta feito por diversos intelectuais orgânicos na Nota “O futuro da Amazônia passa pelo voto nas eleições de 2018”, que diz: “Sem Amazônia não existe o Brasil, tal qual o conhecemos”. Na Nota, afirmam: “são quatro os serviços que o bioma presta aos amazônidas, ao Brasil e ao resto do planeta.
1º- O ciclo das águas. Hoje, pelo conhecimento científico construído, são os rios voadores que vêm da Amazônia que espalham as chuvas por todo território brasileiro, indo inclusive até ao Uruguai, Argentina e Paraguai. Sem a floresta para injetar mais água na atmosfera, esses rios voadores não se formam. Uma simples Sumaúma, árvore imensa da Amazônia, injeta cerca de mil litros de água por dia na atmosfera. Portanto, sem a floresta Amazônica o Sul e o Sudeste brasileiro, onde estão 70% da riqueza da América Latina, se transformam em um deserto.
2º- O ciclo do carbono. Cada árvore corresponde a toneladas de carbono fixado em sua estrutura. Quando uma árvore dessa é queimada ou entra em decomposição, esse carbono é liberado em forma de gás e vai reforçar o aquecimento global, contribuindo para a mudança do clima em todo o planeta.
3º- A mega diversidade. Cada metro quadrado da Amazônia tem mais biodiversidade que em qualquer lugar do mundo. Daí provêm alimentos fantásticos como o açaí, cupuaçu, castanhas, folhas, raízes etc. Também vêm os fármacos, as essências, os cosméticos, os óleos e outra quantidade incalculável de riquezas que a só a natureza pode oferecer. Trocar essa riqueza por mais algumas cabeças de gado, a exploração de minerais ou algumas toneladas de soja é uma loucura absoluta. Mas, ela pode se tornar real se um candidato for eleito.
4º- Os povos originários. Na Amazônia estão vários povos originários ainda remanescentes do grande genocídio que se abateu e se abate sobre eles até hoje. Eles nos preservaram o que ainda temos de riquezas naturais na Amazônia, a sua biodiversidade, além de nos mostrarem que é possível viver da natureza sem destruí-la. Papa Francisco insiste em ouvir essas populações originárias no Sínodo Panamazônico de 2019 em Roma. Portanto, a destruição da floresta é também o tiro final no coração das nossas populações indígenas remanescentes. Alertamos para propostas que são contrarias à vida e atingem diretamente os povos originários.
Somos contrários a qualquer proposta que leve ao fechamento de órgãos públicos que defendem os direitos que estão a serviço da defesa da vida e do planeta (Ministério do Meio Ambiente, dos organismos de controle como IBAMA e ICMBIO), concessões de obras sem licenciamento ambiental, enfim, uma lista infinita de agressões ao ambiente e aos povos que podem se tornar realidade. Toda essa riqueza fundamental está em jogo. Ou preservamos ou destruímos o que nos resta. Os serviços prestados pela Amazónia são naturais e o conhecimento sobre eles é de ordem científica, mas uma decisão política pode derrubar tudo que a natureza nos oferece em sua infinita generosidade. O futuro da Amazônia passa pelo voto nas eleições de 2018.”
Pelos motivos expostos, acima, e por muitos outros que não há espaço para colocar aqui, a opção ética e cristã é votar em Haddad n. 13 e seguirmos dialogando e construindo a Democracia não apenas representativa, mas direta e participativa. Em nome do Deus da vida, das crianças, das próximas gerações, por amor ao próximo e pela paz, humildemente sugerimos o voto em Haddad, n. 13.

Referências

CNBB. Campanha da Fraternidade de 2017: Os Biomas Brasileiros e Defesa da Vida. Ed.
CNBB. Brasília. 2017.
NOBRE, Antônio. Os rios voadores. https://www.youtube.com/watch?v=34Y93Ar4tCA.
_______. A Máquina de fazer água. https://www.youtube.com/watch?v=HqAvP_hpzTA
Acesso em 15/10/18.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Camponeses, indígenas e quilombolas em luta no campo: a barbárie aumenta. In: Conflitos no Campo Brasil 2015. Goiânia: CPT Nacional, p. 28-42, 2015.
PORTO GONÇALVES, Carlos Walter; CUIN, Danilo Pereira; LEAL, Leandro Teixeira; NUNES SILVA, Marlon. Bye bye Brasil, aqui estamos: a reinvenção da questão agrária no Brasil. In: Conflitos no Campo Brasil 2015. Goiânia: CPT Nacional, p. 86-99, 2015.

Belo Horizonte, MG, 23/10/2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o que acontece em tempos de ditadura.

1 - Filme “Batismo de sangue” (adaptação do livro Batismo de Sangue, de frei Betto)



2 – Filme “O Ano em que meus pais saíram de férias”.



3 – Filme “Zuzu Angel”.



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Jornal A Verdade, dez./jan./2017, n. 190, ano 17, p. 5. Cf. www.averdade.org.br

Voto de "cristãos" que não bate com o Evangelho de Cristo/Padre Manoel G...



"O voto de muitos dos que se dizem cristãos não bate com o Evangelho de Cristo", diz padre Manoel Godoy no Palavra Ética da TVC/BH - Vídeo 2. 11/10/2018.

Padre Manoel Godoy esteve com frei Gilvander no Programa Palavra Ética, da TVC/BH, no dia 11/10/2018 que teve como centro da entrevista o segundo turno da eleição presidencial, especificamente em relação à questão religiosa, a escolha do voto dos cristãos. Padre Manoel Godoy é pároco em Belo Horizonte, Dr. em Teologia, professor de Teologia na FAJE (Faculdade Jesuíta, em Belo Horizonte), ex-assessor da CNBB por mais de 10 anos e integrante da Ameríndia (Associação de Teólogos da América Latina). Nesse vídeo, Padre Manoel Godoy motiva à necessária reflexão em torno da coerência do voto de quem se diz cristão com o Evangelho de Jesus. É que o voto de muitos dos que se dizem cristãos não bate com o Evangelho de Jesus, já que a prática de Jesus e seus ensinamentos são de defesa da dignidade humana, contra toda discriminação, preconceito e violência.



* Vídeo original completo: Canal TVC BH – Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=lBfpFz3l1k0&t=384s. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 11/10/2018.
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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Padre Manoel Godoy: A incoerência no voto de cristãos. Palavra Ética - V...





Padre Manoel Godoy: A incoerência no voto de pessoas que se dizem cristãs. Palavra Ética - Vídeo 1. 11/10/2018.

No Programa Palavra Ética, da TVC/BH, do dia 11/10/2018, frei Gilvander entrevistou o padre Manoel Godoy, tendo como o foco o segundo turno da eleição presidencial. A entrevista abordou a questão religiosa na eleição. Padre Manoel Godoy é pároco em Belo Horizonte, Dr. em Teologia, professor de Teologia na FAJE (Faculdade Jesuíta, em BH), ex-assessor da CNBB por mais de 10 anos e integrante da Ameríndia (Associação de Teólogos da América Latina). Nesse vídeo, Padre Manoel Godoy fala de incoerências e contradições de pessoas que se dizem cristãos em seu voto, especificamente em relação a apoiar a tortura, sendo seguidor de Jesus Cristo, que foi torturado e assassinado com morte na cruz e em relação à defesa da família tida como “tradicional”.
* Vídeo original completo: Canal TVC BH – Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=lBfpF... Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 11/10/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


domingo, 21 de outubro de 2018

Luta pela conquista da moradia: Ocupação Prof. Fábio Alves/Belo Horizont...



Conquistar moradia digna é direito e dever de todos. Ocupação Professor Fábio Alves, em Belo Horizonte/MG. 3ª Parte. 10/10/2018.

Cerca de 500 famílias ocupam terreno abandonado há séculos na divisa entre Belo Horizonte e Ibirité, ao lado da Via do Minério, entre os bairros Marilândia e Jatobá IV. Vítimas do capitalismo e dos capitalistas que em nome do deus capital seguem moendo vidas, por meio da especulação imobiliária que coloca sobre a classe trabalhadora o peso cruel e desumano da cruz do aluguel, essas famílias lutam pela conquista da moradia digna, direito de todos e todas. O terreno, que por séculos serviu como depósito de lixo de toda espécie, sem cumprir qualquer função social, começa a ter alterada sua paisagem com o serviço de limpeza que está sendo realizado pelas famílias da Ocupação e pelos barracos de lona preta que se espalham pelo terreno. A Ocupação tem o nome do Professor Fábio Alves (in memorian), Advogado Popular que muito contribuiu na luta pelos direitos humanos, na luta por moradia, sempre apoiando os Movimentos Sociais Populares, grande defensor da dignidade humana. O Movimento Luta Popular (LP), a Central Sindical Popular CONLUTAS (CSP CONLUTAS) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) apoiam a Ocupação Professor Fábio Alves e uma grande Rede de Apoio já está se formando para que as famílias da Ocupação recebam a assistência necessária e a Ocupação seja estruturada e organizada de forma coletiva, cuidando da atenção básica às famílias e tenha um projeto urbanístico adequado às necessidades do dia a dia, para exercício pleno da cidadania. *Filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 10/10/2018.

Foto divulgação do Movimento Luta Popular.

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Kiriri, que beleza de Povo Indígena na luta pela terra em Caldas, sul de Minas Gerais!

Parte da Comunidade Indígena Kiriri em momento celebrativo,
na terra ocupada em Caldas, no sul de Minas Gerais, em 2018.
Foto: Sandra Paula Silva das Dores.



Kiriri, que beleza de Povo Indígena na luta pela terra em Caldas, sul de Minas Gerais!
Por frei Gilvander Moreira, da CPT.


Não é por acaso que os/as moradores locais do bairro Rio Verde, de Caldas, no sul de Minas Gerais, vêm apoiando e acolhendo como podem as quase vinte famílias indígenas do Povo Kiriri. Chegaram, inclusive, a fazer um Abaixo-Assinado em apoio ao Povo Indígena Kiriri e à sua permanência definitiva no local. “A terra aqui não é da UEMG. A UEMG nunca esteve na posse dessa terra. Quem tem direitos de permanecer nessa terra são os indígenas Kiriri”, afirmou na reunião Sandra Paula Silva das Dores, representante da Comunidade circunvizinha de Rio Verde, no município de Caldas, no sul de Minas.
Oriundo do município de Muquém do São Francisco, na Bahia, o Povo Indígena Kiriri teve que vir para Minas Gerais, em decorrência da busca de condição de vida, visto que o seu território diminuído pelo avanço do latifúndio não comportava toda a população indígena e as condições climáticas na região estão cada vez mais dramáticas. Desde março de 2017, 16 famílias do Povo Kiriri moram em uma área situada no bairro rural do Rio Verde, distante 7 km da sede de Caldas, no sul de Minas Gerais. Lá, os Kiriri já construíram casa de pau a pique, espaço cultural, plantaram lavouras e já constituiu uma Comunidade, lugar bom de viver e conviver.  Infelizmente, sob o terror psicológico da Polícia Militar e da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), com decisão injusta do poder judiciário, sob pressão do Governo de Minas para despejá-los, foram pressionados por funcionários do Governo estadual e da prefeitura de Caldas a deixarem o local em abril de 2018, tendo sido levados para Patos de Minas em cumprimento a uma determinação judicial que determinou a reintegração de posse das terras que eles ocupavam. Mesmo sem título de propriedade da terra e sem estar na posse da área, a UEMG exigiu e conquistou junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) liminar de reintegração de posse, decisão inconstitucional e injusta. Após perceberem que o local indicado em Patos de Minas era, na verdade, uma terra tradicional quilombola e que também estava ocupada por um Acampamento de Sem Terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os Kiriri, com o apoio da Comunidade de Caldas, resolveram voltar para o mesmo terreno em Caldas, no sul de Minas, e foram carinhosamente acolhidos pela Comunidade circunvizinha de Rio Verde, bairro de Caldas, próximo à terra ocupada pelos Kiriri.
A área onde os Kiriri estão possui cerca de 60 hectares, dos quais informam que estão ocupando apenas 30 hectares. Há mais de dez famílias não índias ocupando a área, com casas de alvenaria muito boa, inclusive. Frise-se que mesmo não tendo título de propriedade, essas famílias não indígenas não foram objeto de liminar de reintegração de posse. Eis uma discriminação a mais aqui. Anos atrás, este terreno pertencia a um fazendeiro que faleceu e, não possuindo herdeiros, o mesmo teria sido transferido para o Estado de Minas em 1996. Segundo informações, a propriedade rural teria sido ‘doada’ de forma duvidosa para a UEMG. Todavia, segundo representante dos moradores locais, a UEMG jamais apresentou projeto algum de usufruto da área. Pelo contrário, até a chegada do Povo Indígena Kiriri, em 2017, o local era utilizado para retirada clandestina de brita e madeira. Entretanto, assim que houve a ocupação da terra pelo Povo Indígena Kiriri, a UEMG entrou com a Ação de Reintegração de Posse para retomar a posse da terra, posse que a UEMG nunca exerceu. Injustamente, vê-se a UEMG, uma instituição de educação e de ensino, dando um péssimo exemplo, pois age com falta de cidadania e solidariedade aos povos indígenas, já tão massacrados e perseguidos ao longo de nossa história – vítimas neste caso, também de uma prática do racismo institucional.
Os Kiriri estão determinados a não mais aceitar despejo dessa terra onde já fincaram raízes: estão já com casas de pau a pique e barro construídas, plantando lavouras na linha da agroecologia sem agrotóxicos, vivendo em comunidade e cultivando a inspiradora mística e espiritualidade Kiriri.
O álbum de fotografias, de Sandra Paula Silva das Dores e Fernanda Borges, abaixo, revelam a beleza da cultura Kiriri e a justeza da luta das famílias Kiriri por território em Caldas, no sul de Minas Gerais. Quem quiser e puder se somar a essa luta justa, urgente e necessária é bem-vindo/a!

Belo Horizonte, MG, 21 de outubro de 2018.


Assista também ao vídeo, no link, abaixo.
1 - Povo Indígena Kiriri em luta e resistência por território em Caldas/MG. 09/10/2018.


Nota: Padres em defesa da Democracia

Divulgação: http://www.cnbb.org.br



Nota: Padres em defesa da Democracia


Nós, padres, convivendo com o povo, atentos às justas preocupações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com as Eleições-2018, ao parecer de estudiosos e aos sinais da conjuntura, julgamos ser nosso dever nos posicionar em defesa da Democracia. Nossa principal motivação é o Evangelho.
A CNBB, percebendo a peculiaridade das eleições deste ano, reafirma sua atitude profética, sintetizada em cinco palavras:
1) defesa incondicional da VIDA, que é um dom de Deus e se manifesta de múltiplas formas;
2) a construção da PAZ, que passa, necessariamente, pela garantia do Bem Comum e pela melhora da qualidade de vida do povo;
3) o fortalecimento das instituições de combate à CORRUPÇÃO e a todo tipo de exploração;
4) a defesa do MEIO AMBIENTE e seu uso social, com prioridade para a demarcação e respeito às terras indígenas e quilombolas;
5) e a defesa da DEMOCRACIA.

Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvard e autor do livro COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, afirma: “se um candidato, em sua vida, carreira política ou durante a campanha defende ideias antidemocráticas, devemos levá-lo a sério e resistir à tentação de apoiá-lo, ainda que, diante de circunstâncias momentâneas, parece ser uma opção aceitável”.
Steven propõe, ainda, um teste infalível, com apenas quatro perguntas, para identificar se um candidato a cargo público tem tendências autoritárias. São elas:
1 – Rejeita, em palavras ou atos, regras fundamentais da democracia?
2 – Põe em dúvida a legitimidade de seus oponentes?
3 – Tolera ou incentiva a violência política?
4 – Admite ou propõe restringir liberdades civis?

“A maioria dos autocratas não passa nesse simples teste”, conclui Steven.
Estamos convictos de que a DEMOCRACIA é fundamental em todo processo político, bem como a centralidade da pessoa humana, a liberdade, a tolerância, o respeito, a valorização da vida em todas as suas manifestações e formas. Seguidores de Jesus Cristo, vitimado pela violência, mas modelo e defensor da não violência, assumimos nosso compromisso com o povo, sobretudo com os mais pobres, sofredores e excluídos.

Assinam essa Nota Pública:

Padre Antônio Claret Fernandes
Padre Ernesto de Freitas Barcelos (dioc. Itabira/Fabriciano)
Padre Geraldo Barbosa
Padre Geraldo Martins Dias
Padre João Batista Barbosa (Tista)
Padre João Paulo Silva
Padre José Afonso Lemos
Padre José Antônio de Oliveira
Padre José Raimundo Alves
Côn. Lauro Sérgio V. Barbosa
Padre Marcelo Moreira Santiago
Padre Paulo Barbosa
Padre Wander Torres Costa
Padre Oscar de Oliveira Germano
Padre Márcio Vieira Viana
Frei Gilvander Luís Gilvander Moreira
Padre Nelito Dornelas
Padre Manoel Guto Godoy
Padre Henrique Farias

(Obs.: não tivemos tempo de recolher a assinatura de milhares de outros padres, mas padres que quiserem assinar essa Nota, adicione seu nome e compartilhe/publique essa Nota Pública em Defesa da Democracia, sugerimos.)

Não há dúvida que no segundo turno da eleição para presidente, dia 28/10/2018, votar em Fernando Haddad n. 13 é a melhor opção para continuarmos sob um regime democrático e na luta por direitos sociais. Se Bolsonaro for eleito, o povo terá dado a autorização para reingressar o Brasil em outra ditadura, com tortura, mais violência, mortes e aumento da desigualdade social e econômica, além de uma imensa devastação ambiental que ocorrerá com a anunciada extinção do Ministério do Meio Ambiente, proibição da já pequena fiscalização dos crimes ambientais pelos fiscais do IBAMA e do ICMBIO e com a redução das reservas indígenas. Isso já anunciado por Bolsonaro para agradar aos interesses dos grandes empresários do agronegócio, das monoculturas e da mineração. Isso não pode acontecer, pois será a desertificação do Brasil.