quinta-feira, 3 de março de 2016

MST de MG não aceitará despejo na sede e nem nos escombros da ex-usina Ariadnópolis em Campo do Meio, Sul de Minas. Nota da CPT/MG. BH, 03/03/2016.

MST de MG não aceitará despejo na sede e nem nos escombros da ex-usina Ariadnópolis em Campo do Meio, Sul de Minas.

Nota da CPT/MG. Belo Horizonte, MG, 03/03/2016.

Dias 1 e 2 de março de 2016, um militante do MLB e eu, frei Gilvander, da CPT/MG, participamos da luta do MST no Sul de Minas Gerais, no município de Campo do Meio. No Sul de MG, o MST já conquistou 3 assentamentos: O P.A Primeiro do Sul e o P.A Nova Conquista II, no município de Campo do Meio, e o P.A Santo Dias, no município de Guapé. No latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, em cerca de 5 mil hectares, o MST está com 12 acampamentos com cerca de 600 famílias. Em 25/09/2015, o Governador Pimentel assinou decreto desapropriando grande parte da área da ex-usina Ariadnópolis, a Fazenda Gravatá em Novo Cruzeiro e a Fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, repassando para cerca de 800 famílias do MST, que estão acampadas há 18 anos. Mas faltam ainda 864 hectares da ex-usina Ariadnópolis para ser desapropriada e 26 hectares da sede e a parte onde está a carcaça e os escombros da ex-usina Ariadnópolis. Pior: o Geovane, gerente da massa falida CAPIA, entrou com recurso no TJMG para derrubar o decreto de desapropriação do governador de MG. As centenas de famílias acampadas nas terras da Ariadnópolis estão muito indignadas com este questionamento do Geovane. Dia 11/10/2015, o MST, com cerca de 2 mil Sem Terra ocuparam a sede da ex-usina Ariadnópolis e a área do escombros da ex-usina da Ariadnópolis, formando, assim, o 12º acampamento nas terras da Ariadnópolis. Fomentando o gravíssimo conflito agrário nas terras da Ariadnópolis, um dos maiores conflitos agrários do país, que se arrasta há 18 anos, o juiz da Vara Agrária de MG, sem visitar a área, acreditando em mentiras do Geovane/CAPIA, deferiu liminar de reintegração de posse e um desembargador do TJMG confirmou a liminar. Está marcado para se tentar fazer o despejo dia 10 de março próximo, prazo concedido pelo juiz da Vara Agrária. Mas as 600 famílias do MST da Ariadnópolis e cento e poucas famílias dos 3 assentamentos da região e uma grande Rede de Apoio não aceitarão jamais o despejo do MST da sede da Ariadnópolis e nem da área dos escombros da ex-usina. Não dá mais para tolerar a violência que o latifúndio vem perpetrando nas terras da Ariadnópolis. Há mais de 100 trabalhadores assentados na Ariadnópolis que eram trabalhadores na Usina. Um nos disse que há 18 anos, quando o MST chegou na região, a dívida trabalhista dele era de 135 mil reais. Hoje deverá estar acima de 500 mil reais. São cerca de 500 trabalhadores violentados pela ex-usina Ariadnópolis sem receber suas dívidas trabalhistas. A massa falida da ex-usina Ariadnópolis devem milhões ao erário público e dívidas trabalhistas. A mansão da sede tem 5 andares, com elevador e luxo que não acaba mais. É um escárnio, uma indecência, uma imoralidade, uma mansão daquela no meio do povo Sem Terra que sua para se libertar da escravidão do capital. Em volta da mansão da sede há mais de 20 grandes casas, incluindo um grande castelo e casas históricas. O MST tem projeto para implantar na sede e nessas 20 grandes casas uma Escola estadual, um Centro de Formação Eduardo Galeano, que será uma “filial” da Escola Nacional Florestan Fernandes. O Instituto Federal de Machado, do Sul de MG, já tem parceria com o MST e quer colocar lá também cursos em várias áreas técnicas.

Dia 01/03/2015, em reunião, in loco, com representantes do Governo de MG (casa civil, sec. do Planejamento e AGE) e com 4 comandantes da PM, lideranças do MST e representantes da Rede de Apoio deixaram claro que não aceitarão o despejo marcado para dia 10/03/2016, que caso a PM tente fazer o despejo, poderá acontecer um grande massacre, pois as 600 famílias da Ariadnópolis já sofreram 12 despejos, já foram muito humilhadas pelo Geovane e Rose, gerentes da massa falida. E não abrem mão de instalar na sede e nas 20 casas grandes ao redor uma Escola Estadual e um Centro de Formação Eduardo Galeano. Se o juiz da Vara Agrária tivesse ido visitar e tivesse visto o luxo e a ostentação da mansão e os escombros da ex-usina, provavelmente não teria concedido a liminar de reintegração, que é injusta e inconstitucional. Despejar o MST da sede e dos escombros da ex-usina Ariadnópolis é premiar mais uma vez o latifúndio, a corrupção, a especulação em cima do sequestro da terra, é impedir a instalação de uma necessária Escola estadual e de um grande Centro de Formação Eduardo Galeano. Os Sem Terra e o MST toleraram 18 anos sem ocupar a sede da ex-usina e a área dos escombros da ex-usina Ariadnópolis, mas dia 11/10/2015 ocuparam para não sair mais. Esperamos que o Governo de MG, o TJMG e o alto comando da PM tenham a sensatez de não tentar despejar essa nova ocupação e que desaproprie inclusive a sede da ex-usina Ariadnópolis e a área dos escombros da ex-usina Ariadnópolis. Isso será justiça agrária tardia. Isso é o justo que deve prevalecer.

Obs.: Veja, abaixo, algumas fotografias la luta digna e justa dos Sem Terra do MST lá nas terras da ex-usina Ariadnópolis. Fotos de 01/03/2016, de Gilvander Moreira.













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