quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Não é justo despejar o ACAMPAMENTO JOSÉ BANDEIRA, do MST, em Pirapora, norte de Minas, onde 180 famílias Sem Terra estão lutando para viver com dignidade. NOTA DA CPT - 15/08/2013

Não é justo despejar o ACAMPAMENTO JOSÉ BANDEIRA, do MST, em Pirapora, norte de Minas, onde 180 famílias Sem Terra estão lutando para viver com dignidade.

Nota da Comissão Pastoral da Terra – CPT/MG

No Acampamento José Bandeira, do MST, no município de Pirapora, Norte de Minas Gerais, 180 famílias Sem Terra resistem há 8 anos. Em 2003, famílias do MST ocuparam a Fazenda Prata, área de 2.937 hectares, abandonada mais há muito tempo. Após sete anos, o MST foi “despejado” da fazenda. A fazenda Prata voltou a ficar abandonada. Após 2 anos, em 05 de  agosto de 2012, cerca de 180 famílias do MST reocuparam a Fazenda Prata. Muitas pessoas idosas da região dizem: “Somos testemunhas de que a Fazenda Prata nunca produziu nada, além de engordar boi e ser mansão para receber o general João Batista Figueiredo e gente poderosa.” Na fazenda, há uma sede com casas enormes, grã finas, inclusive uma enorme piscina abandonada, pista de pouso para pequenos aviões. Tudo isso largado.  Laudo do INCRA atestou que a fazenda era improdutiva e não cumpria sua função social. As famílias acampadas em barracos de lona preta, sem energia elétrica – com lamparina de querosene ou óleo, ou à luz de vela - produzem bastante hortaliças – verduras e legumes -, milho, feijão, arroz, mandioca etc. Detalhe: sem agrotóxico, com adubação orgânica, na linha da agroecologia. Criam galinhas, porcos e algumas cabeças de gado. Após 8 anos de resistência na terra, o juiz da Vara Agrária de Minas Gerais, Octávio de Almeida Neves, sem visitar a área e fazer audiência in loco, concedeu Liminar de reintegração de posse que exige a expulsão dos Sem Terra da área. Lá, as famílias estão vivendo em paz, produzindo alimentos saudáveis para, inclusive, abastecer a Feira Popular de sábado e domingo na cidade de Pirapora. O povo de Pirapora e o atual prefeito, com todo seu secretariado, apoiam o Assentamento das 180 famílias que hoje resistem no Acampamento José Bandeira. Dia 08/08/2013, os acampados fizeram uma Marcha do Acampamento até a sede da AMMESF – Associação da Bacia do São Francisco, em Pirapora, onde, com centenas de militantes, participaram de audiência com a juíza Renata Viana Souza, da Comarca Local, que tem em mãos carta precatória para cumprir o despejo, mas a juíza, diante das manifestações e da legitimidade da luta do MST na Fazenda Prata pediu para juntar documentos e enviará em 15 dias um Parecer ao Juiz da Vara Agrária de MG, esperamos que sugerindo a revogação da Liminar de reintegração de posse. As 180 famílias do MST dizem que não saem de lá nem mortos. E tem direito de resistir, pois a lei que manda despejá-los é injusta. Dias 10 e 11/08/2013, frei Gilvander Moreira e muitos outros apoiadores visitaram o Acampamento José Bandeira, celebraram ecumenicamente, fizeram Marcha até ao Rio São Francisco, onde foram batizadas nas águas do Velho Chico, 13 crianças Sem Terrinha do Acampamento. Depois participamos de confraternização celebrando 1 ano de Acampamento e de resistência na terra. Assim, todos estão revigorados para continuar a luta pela conquista definitiva da Fazenda Prata, hoje, Acampamento José Bandeira, com 180 famílias do MST, que não admitirá em hipótese alguma o despejo. A Comissão Pastoral da Terra hipoteca irrestrito apoio à luta das 180 famílias do Acampamento José Bandeira, do MST, em Pirapora, como uma luta justa, legítima e necessária. Mandar despejar as famílias do MST da fazenda Prata é uma decisão injusta e covarde, não pode ser aceita.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 17 de agosto de 2013.
Assinam,
Participantes da 20ª Assembleia estadual da CPT/MG – Comissão Pastoral da Terra.
Obs.: Cf., abaixo, links de 12 vídeos gravados por frei Gilvander no Acampamento José Bandeira, do MST, em Pirapora, MG, dias 10 e 11/08/2013. São vídeos que ajudam a entender melhor a luta justa e necessária das 180 famílias que lá batalham para serem assentadas e não mais despejadas.



 

 






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